Belmonte
Hospital de retaguarda acolherá Serviço Permanente 24 horas

Na visita realizada a Belmonte, o secretário de Estado da Saúde garante o apoio para a nova unidade e ouve apelos do autarca local para que o Centro de Saúde esteja aberto 24 horas por dia. Só que, Adão e Silva, diz que o Serviço de Atendimento Permanente deve ser integrado no hospital de retaguarda.

João Alves
NC / Urbi et Orbi


“É preciso é dizer-lhe que o Centro de Saúde está sempre fechado e não tem médicos, o que é uma vergonha”. O apelo vem de um popular que está num café junto à Câmara Municipal de Belmonte, local no qual esteve, na sexta feira, 21, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Adão e Silva, que veio visitar as instalações do antigo Centro de Saúde local no qual a Santa Casa da Misericórdia de Belmonte pretende instalar um hospital de retaguarda.
Adão e Silva, no entanto, ouviu os apelos do autarca Amândio Melo que quis sensibilizá-lo para a necessidade do actual Centro de Saúde ter um horário mais alargado, já que neste momento apenas funciona entre as oito da manhã e as oito da noite, em cinco dias da semana, ou seja, de segunda a sexta-feira. No fim-de-semana está fechado. “Sabemos que há falta de médicos, mas esta população, cada vez mais envelhecida, precisa de outras condições de saúde. O Serviço de Atendimento Permanente (SAP) era o ideal, mas se tal não for possível, pelo menos no início, deveria alargar-se o horário para que o fecho fosse às 22 horas” explica o presidente da Câmara de Belmonte, que diz já ter reunido com a Sub-região de saúde de Castelo Branco para saber qual será a disponibilidade para isso. Já no que toca ao futuro hospital de retaguarda, Melo acredita que o projecto de reconversão levado a cabo pela Santa Casa “não será difícil” e mostra-se pronto a que a autarquia o apoie.
Quanto a Adão e Silva, diz perceber os anseios do autarca e das populações, no que diz respeito à abertura 24 horas por dia do Centro de Saúde, mas salienta a dificuldade que há em recrutar médicos para esses serviços e exemplifica mesmo o caso de Penamacor onde “foi muito difícil fazer isso”. Por isso, e tendo em conta a política do Governo em criar hospitais de retaguarda no País, Adão Silva acredita que é nestas unidades que se deve ter o SAP. E isto porque, salienta, em concelhos como o de Belmonte, com cerca de oito mil habitantes, durante a noite, apenas um ou duas pessoas iriam recorrer diariamente a este serviço, o que implica “grandes custos e pouca rentabilidade”. Já se o SAP ficar no hospital de retaguarda, os mesmos médicos e enfermeiros que prestarão apoio aos acamados poderão também atender esses um ou dois utentes que recorram ao SAP durante a noite. Embora a pretensão belmontense de ter médico 24 horas por dia, já agora, no Centro de Saúde, não esteja posta de parte, Adão e Silva acredita que se o mesmo ficar no futuro hospital de retaguarda “não haverá desperdício de recursos”.

Internato com 22 camas

Já o futuro projecto do hospital, da responsabilidade da Santa Casa e que deverá ir concurso ainda este ano, podendo mesmo as obras arrancar no final do mesmo ou n o início de 2005, estará dividido em duas unidades. Uma, de internamento, com 22 camas para pessoas doentes e uma unidade de reabilitação, ou seja, fisioterapia para quem, por alguma razão, tenha ficado debilitado fisicamente. Adão e Silva diz mesmo que a ausência destas unidades tem contribuído para o mau funcionamento dos hospitais no País e que o exemplo da Santa Casa de Belmonte deve ser seguido. A obra está orçada em um milhão de euros, sendo metade comparticipada pelo Ministério da Saúde e o resto pela Misericórdia e autarquia. “Assim uma pessoa de cá que esteja doente, precise de ser internado no Cova da Beira, já não necessita de ficar lá 10 ou 15 dias, voltando para a sua terra e para os seus o mais rápido possível” afirma Adão e Silva.


 


Os visitantes tiveram uma oportunidade de conhecer o ambiente