Júdice
garante:
"A força do profissão só existe
se existirem bons advogados"
Na 3ª Semana do
Advogado, a UBI foi palco do I Encontro que contou com
a presença do Bastonário da Ordem. Júdice
fez um discurso muito claro acerca do que é ser
advogado e apelou a todos para denunciar casos que prejudiquem
a Justiça.
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Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi
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Ser advogado, por definição, é ser
sério, óptimo e trabalhador, mas acima de
tudo é ser profissional. E para isso é necessário
fazer formação e estar constantemente a
par das mudanças. Mas para se praticar uma boa
justiça é necessário denunciar aqueles
que deontologicamente violam as regras e mancham o nome
dos advogados. Para além disso, ser advogado em
prática isolada não é tão
condenável quanto parece. No entanto quem trabalha
sozinho tem que ter outros cuidados. Nada melhor do que
ser o Bastonário da Ordem dos Advogados (OA) a
explicitar estas e outras questões que giram à
volta do mundo da defesa e da acusação.
Enquadrado na 3ª Semana do Advogado sob o tema "Os
Advogados e a Luta pelo Desenvolvimento Económico",
o Instituto dos Advogados em Prática Isolada (IAPI),
levou a cabo, na sexta-feira, 21, na Universidade da Beira
Interior (UBI), o I Encontro Nacional de Advogados.
José Miguel Júdice começou por lembrar
os presentes de que a advocacia é para ser "uma
única profissão", mas que "os
advogados não são todos iguais". Com
esta afirmação, Júdice elucidou os
presentes de que os advogados que trabalham a ´full
time` têm preocupações diferentes
dos que trabalham em prática isolada. Ou seja,
tentar desmistificar a ideia que se tem perante um advogado
que trabalhe por conta própria, até porque,
segundo disse, "há cada vez mais advogados
a trabalharem única e exclusivamente sozinhos".
O que não significa que "quem trabalha sozinho
nesta sociedade, está condenado, mas obviamente
que tem certos problemas de organização",
refere. E sendo esta uma das ideias mais vincadas pelo
Bastonário - a organização - adverte
que estes advogados têm que fazer um esforço
maior, em termos organizativos, para resolver os seus
problemas.
Lembrando aos presentes que há clientes que recorrem
ao advogado "só para desabafar e pedir conselhos
porque confiam nele e vêm-no com um amigo",
o Bastonário admite que é por isso que defende
a ideia da "tese do advogado em família",
ou seja, "cada família tem que ter um advogado".
"Fui censurado"
"Há alguns advogados que são uns verdadeiros
gangsters". E estes são para ser desmascarados
para ser possível praticar uma boa justiça.
Esta foi outra das linhas de força do discuro do
responsável máximo dos advogados. "Fui
censurado quando disse às pessoas para desmascararem
os maus advogados. Alertaram-me para ter cuidado e que
inclusivamente até podia perder as eleições
por causa disso", contava um pouco revoltado. Então,
continua, "disse que se fosse isto que me fizesse
perder as eleições, preferia perdê-las".
Na sua opinião, há que "castigar exemplarmente
os que falham". Mas, como evidencia, "há
colegas que dizem não denunciar os colegas, o que
fazem muito mal", uma vez que, "é fundamental
apostar forte na deontologia".
Júdice diz que só ficará contente
"quando a marca registada de um advogado for advogado",
sendo que "a força da profissão só
existe se existir bons advogados", realça.
Confessando que esta foi a "mais difícil batalha"
que teve nestes dois anos, faz um apelo a todos os advogados
que se prezem pela sua profissão: "Contem
as coisas concretas de que a justiça não
está a funcionar, digam quando alguém age
mal". "Estou a dar a cara ao denunciar esses
casos, façam o mesmo e não me deixem sozinho
no campo, mandem-me cartas, telefonem-me a contar os casos.
Temos que ter a coragem de denunciar o que está
mal porque só assim a justiça funciona",
frisava Júdice para uma plateia de cerca de 60
pessoas.
Outra coisa que o advogado aconselhou aos colegas foi
a mobilização. "Uma das coisas que
pode mudar a justiça é queixarem-se, não
tenham medo de ser aborrecidos e incógnitos. Só
vos peço para serem advogados no sentido de serem
corajosos e profissionais, mas nunca capazes de tolerar
o que está mal - a incapacidade", concluiu,
satisfeito o seu discurso.
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