Projecto apresentado
Produção de energia eólica na Gardunha
arranca em 2006
Os três sub-parques
vão estar dotados com 118MW de potência,
quase metade da que actualmente o País tem instalada,
e vai produzir 283MWh por ano.
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Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi
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Os concelhos do Fundão e Castelo Branco vão
passar a produzir energia eólica a partir de 2006
e, de acordo com as expectativas, dois anos após
a entrada em funcionamento dos três parques a construir
a energia produzida anualmente, 283MWh, irá igualar
o consumo de energia dos dois municípios. O projecto
foi apresentado no último domingo, 16, na Eira
dos Três Termos, Serra da Maúnça,
durante o II Encontro de Bombos ali realizado. O investimento,
privado, ronda os 125 milhões de euros e é
da responsabilidade da Generg, empresa que se dedica à
exploração de energias renováveis.
O empreendimento vai ter 118 MW de potência atribuídos
pela Direcção Geral de Energia, 40 MW do
lado de Castelo Branco e 78MW no concelho do Fundão,
o que representa quase metade da instalada actualmente
em Portugal, embora a empresa queira ver reforçada
a potência que vão explorar. A energia produzida
a partir da força do vento irá integrar
a Rede Eléctrica Nacional, através de linhas
aéreas, de uma subestação e de uma
nova linha de 150KV. Mas embora a produção
venha a ser significativa João Bártolo,
presidente do Conselho de Administração
da Generg, frisa que não podem pôr as pessoas
dependentes das flutuações do vento. "Temos
que ter sempre ligações à rede eléctrica,
para que em caso de falha haja alternativa", sublinha.
Contrapartidas durante 25 anos
Deste projecto as autarquias, as Juntas de Freguesia envolvidas
e os proprietários dos terrenos vão receber
contrapartidas durante 25 anos em rendas anuais que serão
"actualizadas em função da inflação",
adianta João Bártolo. As câmaras do
Fundão e albicastrense irão receber 330
e 169 mil euros, respectivamente, num total de 500 mil
euros. As sete Juntas distribuem entre si uma verba no
valor de 1,4 milhões de euros, na altura da inauguração
da estrutura, para "obras de interesse social".
No concelho de Castelo Branco são contempladas
as freguesias de São Vicente da Beira e Almaceda
e no Fundão a Barroca, Castelejo, Souto da Casa,
Bogas de Cima e Bogas de Baixo. A Generg já negociou
também com 600 proprietários que vão
repartir 220 mil euros.
Os três sub-parques eólicos, localizados
no Cabeço Alto, na Maúnça e no sítio
Zibreiro-Moeda, começam a ser construídos
no início do próximo ano, "com torres
de última geração a nível
tecnológico", realça o presidente da
administração da empresa.
No entanto, e porque o início dos trabalhos exige
que os acessos sejam melhorados, as duas edilidades pediram
à Generg para adiantar dois anos de renda, para
poderem fazer e melhorar as vias necessárias com
esse encaixe de cerca de um milhão de euros. "Sozinhos
não conseguimos fazer tudo",diz Manuel Frexes,
presidente da autarquia fundanense, para quem a variante
ao Castelejo é uma obra "essencial".
"Vamos ver se o Instituto de Estradas de Portugal
autoriza o início das obras, porque as torres não
passam no centro da aldeia e temos que acelerer este projecto".
À partida a Generg não vê problema
em aceder ao pedido.
Energia limpa
A empresa espera que dez por cento do investimento total
do projecto possa vir a ser realizado por investidores
locais e que pelo menos 50 por cento seja português.
Quando o projecto tiver início serão ainda
criadas duas empresas no Fundão, que serão
detidas maioritariamente pela Generg e vão gerir
a exploração dos parques. A Ventos da Gardunha,
que irá nascer para fazer a gestão da actividade
conjunta dos dois municípios, será detida
em dez por cento pelas autarquias. A outra vai tratar
apenas da parte do projecto localizado na área
do concelho do Fundão. Quando o empreendimento
estiver a funcionar prevê-se a integração
dos cerca de 20 funcionários da manutenção
numa terceira empresa local.
Durante a apresentação do projecto tanto
Manuel Frexes como o autarca albicastrense Joaquim Morão
sublinharam a importância deste projecto para produzir
energia limpa como uma forma de desenvolver a economia
local, ao mesmo tempo que se cuida do ambiente. Segundo
os responsáveis da empresa a construção
deste parque eólico evita o consumo anual de 95
mil toneladas de fuel-óleo, quantidade necessária
para a produção da mesma energia de forma
convencional. O que reduz as emissões de dióxido
de carbono anuais em cerca de 163 mil toneladas.
João Bártolo sublinha que a área
abrangida não está na zona classificada
como Sítio Natura 2000 e que a exploração
do parque não terá impactes negativos a
nível ecológico, paisagístico e patrimonial.
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