Urbi et Orbi
- O que é o teatro para si?
Rui Pires - Para mim, o teatro é
a vida. Não consigo viver sem o teatro. Deu-me
força para ficar na Covilhã e tudo o que
o teatro acarreta dá-me força para atravessar
a selva que é a vida.
U@O - Conte um pouco sobre o seu percurso no
mundo da representação.
R.P.- Em Lisboa fiz um curso de interpretação
para cinema e televisão, no qual
também participaram Carmen Dolores, Carla Caldeira,
e Teresa Madruga. No Verão de 2000, antes de entrar
para a UBI, desempenhei o papel de figurante em algumas
séries televisivas da época, como «Médico
da Família», e nos programas «Surprise
Show», «All you need is love» e «Chuva
de Estrelas».
U@O - Como descreve a sua experiência como
figurante?
R.P.- Na altura estava de férias e foi
bastante proveitoso. Passava as tardes na Venda do Pinheiro,
mas notava-se uma grande competição nesta
área. Há sempre alguém a tentar sobrepor-se
e, nos intervalos dos programas, quase ninguém
conversava.
U@O - O que acha da relação entre
a UBI e o teatro?
R.P.- Na UBI deveria haver um gabinete de actividades
culturais, como há em Espanha.
U@O - A experiência em Espanha, enquanto
aluno de Erasmus em Madrid,
permitiu-lhe ver como funciona o teatro numa universidade
fora do País. Existem diferenças quanto
ao valor dado ao teatro?
R.P.- Mesmo "aqui ao lado" há
quem se preocupe com o teatro. Não tenho dúvidas
disso. No nosso País temos dois ou três gabinetes
dedicados ao teatro. O mais avançado está
em Lisboa que, aliás, já organizou um festival.
Além disso, na capital estão a ser pioneiros
a tentar adoptar o sistema de usar o teatro como cadeira
opcional na universidade.
U@O - Este ano o Teatr'UBI realizou pela primeira
vez a atribuição de prémios júri
e público no VIII Ciclo de Teatro Universitário
da Beira Interior. Como surgiu a ideia?
R.P.- Já sabíamos que os festivais
em Ourense também atribuíam prémios.
Pelo que eu sei, só há dois festivais de
teatro que atribuem prémios, aqui (Teatr'UBI) e
em Ourense.
U@O - O Teatr'UBI já arrecadou prémios
fora do País?
R.P.- Sim, em Ourense recebemos o prémio
do júri. Na altura, o prémio que nos foi
atribuído na Galiza (Espanha), 100 mil pesetas,
incentivou-nos a fazermos o mesmo em Portugal. Copiámos
as ideias do país vizinho, porque as boas ideias
são para copiar.
U@O - Em Portugal de que forma a imprensa aborda
o teatro?
R.P.- Confesso que o Teatr'UBI é mais
apoiado no estrangeiro do que cá. Quando estive
em Madrid li em três jornais notícias sobre
o Teatr’UBI. Aliás, sempre que fomos a Espanha
para actuar, logo no dia seguinte havia jornais que tomavam
nota da nossa chegada e publicavam algo. Em Portugal não
é assim. Fico com lágrimas nos olhos quando
vejo que os nossos jornais falam no Teatr’UBI.
Rui Pires junto dos seus
colegas do teatro
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"O Teatr'UBI é como uma família"
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U@O - O que significa para si o Teatr’UBI?
R.P.- É uma família para mim. Os
risos, as lágrimas, são coisas inesquecíveis.
Quando me lembrar da Covilhã, não me vou
lembrar do curso, mas do teatro. Uns vão lembrar-se
dos copos que beberam, outros das raparigas com quem estiveram.
São experiências diferentes. E eu vou lembrar-me
do teatro.
O último espectáculo realizado, enquanto
presidente do Teatr'UBI, esgotou antes da estreia. Essencial
Invisivel teve lugares limitados. Apenas 40 pessoas puderam
vendar os olhos e sentir a essência da peça.
U@O - Recebem convites para actuar no estrangeiro?
R.P.- Sim, mas por enquanto só pudemos
ir a Espanha. Ainda este ano tivemos um convite para ir
a França, mas não há dinheiro. É
incrível não haver apoios e as pessoas não
quererem ver que o Teatr’UBI leva consigo, onde
quer que vá, o nome da região.
U@O - Que justificação dá
para a falta de apoios ao Teatr'UBI?
R.P.- Se não nos querem apoiar, não
podemos obrigar ninguém a fazê-lo.
U@O - Tem planos para o futuro na área
da representação?
R.P.- Estou a pensar tirar um curso de teatro
no Conservatório do Porto. Não quero fazê-lo
em Lisboa porque já sei que só se entra
com cunhas... Já muita gente me avisou que é
preciso ter conhecimentos para conseguir lá vaga.
Por isso arriscaria no Porto. Não quer dizer que
seja bom actor, mas quero aprender e acho que isso é
que conta.
U@O - Se voltasse atrás mudaria alguma
coisa?
R.P.- Só voltaria atrás se houvesse
o Teatr'UBI, isso valeria os sacrifícios. Não
voltaria atrás pela UBI em si, mas apenas pelas
portas que ela me abriu.
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