Por Daniel Sousa e Silva



João Pedro Esteves espera por uma resposta rápida dos responsáveis da UBI

“Neste momento, tenho um pedido feito à Universidade da Beira Interior (UBI) para saber se o laboratório de Química tem condições para efectuar todas as análises químicas que nós necessitamos para aprovação dos vinhos como análises exigidas para a exportação”, disse ao Urbi et Orbi João Pedro Esteves, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI).
João Pedro Esteves conta que a proposta de protocolo foi entregue há dois meses e que, agora, está “à espera de uma resposta da UBI”. “Se estiverem preparados e certificados para fazerem todas as análises, assinaremos um protocolo para reduzirmos os nossos encargos”, confirma.
A CVRBI, tal como está descrito na sua página electrónica, “emite certificados de origem, selos de garantia e guias de trânsito”, conseguidos através o exame analítico dos produtos vínicos efectuados em laboratório oficial, sendo a receita dos selos a sua fonte de rendimentos.
De momento, a CVRBI socorre-se do laboratório do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) para obter a certificação dos vinhos produzidos na Região Vitivinícola da Beira Interior (RVBI), pagando “um preço elevado por esse serviço”, enquanto, por exemplo, “as regiões da Bairrada e Dão possuem laboratórios próprios”.
A Beira Interior não é excepção ao processo de reestruturação das comissões vitivinícolas regionais, actualmente em curso a nível nacional. “Com a reestruturação, vai haver a criação de uma nova unidade de certificação. E teremos de colocar um laboratório devidamente equipado para essa entidade certificadora”, explica João Pedro Esteves, avançando que se pudessem recorrer ao laboratório de Química da UBI “os custos seriam substancialmente reduzidos”.


Santos Silva considera ser necessário avaliar a capacidade da UBI




“Em estudo”

Paulo Almeida, presidente do Departamento de Química (DQ) da UBI, adianta apenas que se “está a estudar essa possibilidade”, remetendo um comentário institucional para o Reitor da UBI. Santos Silva, em conformidade com o dito por Paulo Almeida, reitera que “o DQ está a avaliar a possibilidade de se fazer as muitas análises”. São necessários mais de 300 testes diferentes. “Teremos de deslocar recursos humanos e não podemos pôr em risco o ensino e a investigação, mas se tivermos capacidade a UBI deve colaborar”, adiciona.
João Pedro Esteves acredita que um protocolo com a UBI “seria uma mais-valia”, porque tornaria possível uma maior margem de lucro na venda dos selos de certificação. A RVBI divide-se em três sub-regiões: Cova da Beira, Pinhel e Castelo Rodrigo, englobando cerca de 7000 viticultores. “A Beira Interior é ainda muito pequena comparada com outras regiões.” O presidente da CVRBI compara, a título de exemplo, o Dão e a Beira Interior: “Nós temos cinco adegas e o Dão tem 23. Em termos de produtores engarrafadores, nós temos à volta de 12 (há mais um pedido), o Dão tem duzentos e tal. Por aqui se vê a diferença na emissão de selos e nas receitas.” O orçamento de 2003 da CRVBI foi de cerca de 125 mil euros, enquanto o da Região Vitivinícola Regional do Dão ascende a mais um milhão de euros.