A réplica da Câmara Municipal da Covilhã é uma das obras expostas
Exposição
Fósforos ganham nova vida

Criatividade quanto baste, destreza de mãos e muita paciência são os ingredientes que José Manuel Fernandes precisa para dar vida aos vulgares fósforos que se utilizam no dia a dia. .


Por Rui Pires


Está patente ao público até ao próximo dia 23 de Maio no Teatro-Cine da Covilhã uma exposição de trabalhos em fósforos de alguns edifícios da cidade. A autoria das réplicas é de José Manuel Fernandes, que nos últimos anos se tem dedicado a transformar fósforos em edifícios. “Desde muito novo que ganhei gosto pelos trabalhos manuais, quando era novo sempre quis estudar nesta área mas os meus pais nunca me deixaram. Agora como tenho algum tempo livre decidi dar continuidade a este sonho” diz o artista.
A exposição é composta por seis réplicas, o edifício da Câmara Municipal da Covilhã, que demorou cerca de 600 horas de trabalho a concluir e qualquer coisa como 32 mil 259 fósforos, a Central de Camionagem (17 mil fósforos), a Igreja de Nossa Senhora de Fátima (10 mil fósforos), a Igreja de S. Francisco (8 mil fósforos), a Capela do Calvário (4 mil fósforos) e a Capela de S. João de Malta (3 mil fósforos).
Reunir tantos fósforos não é tarefa fácil, desde que comecei a trabalhar já reuni mais de 90 mil, diz José Fernandes. “Ao início alguns vizinhos e amigos davam-me alguns fósforos, mas agora as pessoas já não os usam tanto. Como tal agora tenho que comprá-los e queima-los”, explica.
Esta actividade que começou por gosto pessoal começa agora a dar algum lucro, José Fernandes começa já a fazer trabalhos por encomenda. Entre mãos tem neste momento as réplicas da Igreja da Misericórdia e do Mercado Municipal. “Nunca sei que preço praticar, é um pouco difícil dizer quanto custa esta réplica ou aquela”, adianta. O preço dos seus trabalhos é feito a partir do numero de horas gastas em torno do trabalho, do numero de fósforos que tem de comprar e dos vernizes que tem de usar. Normalmente os seus trabalhos rondam entre os 200 e os 1000 euros.
Para já os trabalhos que tem feito são apenas de edifícios da cidade. No entanto, José Fernandes está a pensar fazer réplicas de edifícios da região e do País, até como diz, “este trabalho requer previamente uma análise detalhada dos edifícios, e como não tenho muitos meios para me deslocar tenho só recorrido aos edifícios da cidade”, salienta. Para este trabalho minucioso, o artesão desloca-se várias vezes ao local, para analisar detalhadamente todos os pormenores e, na maioria das vezes, mais do que uma vez, “há sempre pormenores que escapam e às vezes é necessário destruir tudo o trabalho já feito”, conclui.