José Geraldes
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Finalmente
Ver o bem comum
regional para lá do seu umbigo concelhio exige
a conversão de mentalidades de muitos autarcas.
Finalmente temos a Comunidade Urbana das Beiras. Depois
de um processo atribulado com avanços, recuos e
picardias pelo meio, doze municípios dos concelhos
da Guarda e Castelo Branco chegaram a um acordo definitivo
A Cova da Beira ainda não deu a resposta definitiva,
mas espera-se que tome a opção da Comunidade
das Beiras. Aliás, será um contra-senso
a Cova da Beira ficar dividida embora já se tenha
aprovado uma Associação para fins especifícos.
Sem entrarmos numa ladainha de lamentações,
temos que afirmar que foi um tremendo erro político
não se ter chegado a acordo para a constituição
de uma comunidade que abrangesse os distritos de Castelo
Branco e Guarda. Mas, como a política é
a arte do possível, valha-nos, ao menos, o acordo
agora alcançado.
A Beira Interior constitui já um todo em que as
características de definem por semelhanças
comuns embora haja diferenças de pequena monta.
E, quem pensou o nome da Universidade da Beira Interior,
já tinha em vista esta região.
E que sentido faz dividir a Serra da Estrela para a Área
Metropolitana de Viseu e a Comunidade das Beiras ? Se
se luta por criar a marca Serra da Estrela porquê
partir o seu território ? A dispersão de
poderes só vai prejudicar o futuro. Até
porque é preciso contar com uma terceira entidade.
Neste caso, o Parque Natural da Serra da Estrela.
Cada vez mais se impõe a convicção
de que um processo como este devia levar os autarcas a
medir as consequências das suas decisões.
Trata-se de construir o futuro de pelo menos cinco anos
já que a lei da descentralização
permite ao fim desse tempo a desvinculação
de qualquer município.
Pode também questionar-se também esta cláusula,
pois é como se combinasse um casamento com a possibilidade
de um divórcio ao fim de cinco anos.
Com este dispositivo legal, pode acontecer que o processo
agora iniciado seja posto em questão. E conhecendo
o sentido de paróquia que a maioria dos autarcas
possui aliado a rivalidades ancestrais e a egoísmos
e vaidades nunca escondidas, são de prever reviravoltas.
Basta que a um concelho não seja dado os melhoramentos
a que se julga com direito. E cinco anos passam depressa.
Na prática, é um mandato autárquico.
Não queremos ser “Velhos do Restelo”
e só fazemos votos para que tudo corra pelo melhor
dos mundos. Mas o ver o bem comum regional para lá
do seu umbigo concelhio exige a conversão de mentalidades
de muitos autarcas. E tal desejo não se afigura
tarefa fácil. São precisos muitos anos e
acontecimentos para que a revolução das
mentalidades se solidifique.
Mesmo assim há quem não acredite em tal
revolução de mentalidades, dados os vícios
e hábitos adquiridos.
Na gestão da nova Comunidade Urbana das Beiras,
tem de haver muito bom senso e faro político. Sem
politiquices de pacotilha. Esperemos que não sejamos
defraudados.
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