Por Daniel Sousa e Silva


A autarquia vai até ao máximo possível de endividamento à banca

A Câmara da Covilhã aprovou a abertura de um concurso para a contracção de um empréstimo no valor de um milhão e 250 mil euros. A decisão foi tomada, na passada sexta-feira, 7, na reunião do executivo municipal. A iniciativa surgiu depois da autorização dada pelo Governo às autarquias para recorrerem ao crédito.
Carlos Pinto, presidente da autarquia, recusou comentar os contornos do empréstimo, dizendo apenas que o dinheiro se destina à realização de “várias obras”.
O único vereador da oposição, Miguel Nascimento, votou contra a contracção do empréstimo, mostrando-se muito desagrado no final da reunião. Miguel Nascimento referiu que “este é o 14º empréstimo contraído pela Câmara da Covilhã em dois mandatos de maioria PSD”.
“Tenho vindo a alertar a autarquia e a cidade em relação à dívida crescente da Câmara. Há a ideia errada de que as câmara municipais não vão há falência, mas há muitas câmaras espalhadas pelo País que estão em falência técnica, sendo obrigadas a estabelecer um acordo com o Governo”, conta Nascimento, reiterando que não deseja o mesmo destino para a autarquia covilhanense.
Miguel Nascimento, afirma, por outro lado, que não está contra a realização das obras que os empréstimos vão tornar possíveis, mas alerta para os custos que dessas realizações. Entre 2008 e 2014, segundo o socialista, “vai ser difícil a quem estiver na Câmara fazer outra coisa que não seja pagar os empréstimos”.
O vereador do PS apresentou alguns números, como sendo “um problema grave”. “Há um tipo de ponderações interessantes em termos de evolução da dívida da autarquia, comparativamente com a população existente. Verificamos, em termos estatísticos que, em 1997, cada covilhanense devia 63 contos, em moeda antiga, em 2002 este valor subiu para 240 e, em 2003, é de 282”, acrescenta, ao mesmo tempo que afirma estar a trabalhar no sentido de saber onde é que o dinheiro está a ser investido: “É preciso saber-se, para cada empréstimo, que obras foram financiadas e que obras se concluíram”.