António Fidalgo
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A UBI e a
Guarda
A propósito do décimo
oitavo aniversário da UBI o semanário
O Interior deu grande destaque ao “coração
guardense da UBI”, significando com isso o papel
relevante que naturais guardenses desempenham actualmente
na UBI. O reitor, dois vice-reitores, dois pro-reitores,
e mais professores do quadro da UBI são naturais
do distrito da Guarda. É de registar com satisfação
o destaque que o jornal dá a esse facto. A Guarda
foi durante muito tempo, de algum modo, a capital intelectual
da região hoje designada por Beira Interior. Tinha
um excelente liceu, uma boa escola de magistério
primário, e ainda o Seminário Maior, única
instituição onde era ministrado ensino de
nível superior. É normal, e mesmo conveniente,
que daí advenham os principais protagonistas de
hoje na UBI.
Esse registo deve, aliás, seguir-se a um outro,
a saber, o papel determinante que outros naturais do distrito
da Guarda tiveram na UBI, a dedicação e
o esforço que deram à UBI, nomeadamente
o primeiro reitor Cândido Passos Morgado, natural
de os Trinta, e os Professores Pinto Peixoto e Ribeiro
Gomes, também naturais de aldeias do distrito da
Guarda, respectivamente Miuzela e Vela. Foram verdadeiras
eminências no lançamento e desenvolvimento
da jovem universidade. Pode dizer-se que a UBI na Covilhã
acolheu a inteligência e a boa vontade que a Guarda
gerou.
Ironia do destino que a universidade criada na região
tivesse surgido na Covilhã, cidade industrial,
sem tantas tradições escolares? Não
necessariamente. A Covilhã sempre esteve muito
próxima da Guarda, mais do que Castelo Branco,
e, por outro lado, Guarda e Covilhã, não
podem e não devem ser vistas como cidades antagonistas,
mas como parceiras de uma mesma região. A UBI está
na Covilhã, mas não é, e não
pode ser da Covilhã. Está na região,
mas não é da região. Tem de ser,
enquanto universidade, universal, e, felizmente, conseguiu-o
sê-lo de facto, até pela necessidade de contratar
professores do Brasil, à Rússia, da Polónia
ao Iraque, passando pela Alemanha e pela Inglaterra.
É circunstancial, e talvez irrepetível,
a influência que naturais do distrito da Guarda
têm na UBI. Daqui amanhã o Reitor pode provir
de uma outra zona do país, ou mesmo do estrangeiro.
Mas que a Guarda tenha criado um escol intelectual para
hoje dirigir a UBI, isso só honra a cidade mais
alta.
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