Como recordo Dublin









Dublin













Por Catarina Moura


Estou no mítico bairro de Temple Bar, perdida de amores pelos seus mercados, e sinto pela primeira vez saudades de Dublin. É um sentimento bizarro, sentir saudades do que ainda estamos a viver… Mas é verdade, nesse momento antecipei as simultaneamente doces e intensas recordações que levaria comigo ao longo da vida dos escassos dias que passei na capital da Irlanda.
Depois de Belfast, não sei o que esperava encontrar no sul. Verde, claro. História, sem dúvida. Simpatia, como não… E de facto foi tudo isso e muito mais o que fui encontrar em Dublin, uma cidade com uma característica que me apaixonou desde o primeiro momento: o facto de se deixar conhecer a pé. Foi caminhando que descobri os seus múltiplos e sedutores parques e jardins, os seus castelos, os fabulosos museus e galerias, a magnífica arquitectura, todos eles contribuindo de algum modo para contar a história da rica herança daquele povo e daquele lugar. Foi caminhando que me perdi de compras na Grafton Street, aproveitando a oportunidade de estar na terra natal de Yeats, Joyce e Beckett para comprar alguns dos seus escritos, para mim e para os amigos. Como se comprá-los ali fosse como levá-los autografados.
Mas Dublin é, acima de tudo, uma cidade musical. Claro que sabia ser este o berço de bandas míticas como os U2, mas depois de ali estar percebo que a música pulsa como sangue nas veias de todos os irlandeses. Os Singing Pubs estão por toda a cidade. Fabulosos, os Singing Pubs! No segundo dia já sabemos pelo menos o refrão de algumas velhas canções irlandesas, podendo juntar a nossa voz à de todos os presentes, que as cantam entre risadas de genuíno prazer e alegria. Dublin, claro, não é só isto. Mas é assim que a recordo.