Como forma de assinalar
os 30 anos do 25 de Abril, a Associação
de Estudantes da Universidade da Beira Interior (AAUBI)
organizou, para além de exposições
e emissões audiovisuais e radiofónicas,
um conjunto de conferências.
Desta vez com o tema "As crises académicas
de ontem e de hoje – dissociação de
estudantes?", Artur Patuleia da AAUBI explica que
pretenderam mostrar aos colegas "a analogia entre
os movimentos estudantis de agora com os anteriores ao
25 de Abril de 1974, e que na altura abalaram profundamente
o regime vigente".
Num ambiente informal e ao jeito de tertúlia, discutiu-se
o 25 de Abril na perspectiva de duas gerações.
O jovem não consegue compreender como nos dias
de hoje não se verifica uma participação
acentuada por parte dos estudantes na luta pelos seus
interesses.
Artur Patuleia vê, com as assembleias pouco participadas
e com o escasso número de listas nas campanhas
para a Associação, um "egoísmo
dos estudantes que pensam apenas na sua vivência
e não nos problemas dos colegas".
Pedro Guedes até compreende que os jovens não
se sintam motivados para lutar por determinados objectivos.
Na sua perspectiva "em duas gerações
esgotou-se um conjunto de ideias". "As pessoas
têm receio de tomar atitudes, porque é tudo
muito efémero", acrescenta. Antes do 25 de
Abril havia apenas duas hipóteses, estar contra
a ditadura ou a favor dela; nos dias de hoje são
vários os caminhos.
Os estudantes do pré-25 de Abril lutavam para não
irem para a Guerra Colonial, discutiam a repressão
e a PIDE. O debate ideológico de agora prende-se
com questões relacionadas com as propinas e assuntos
pedagógicos, que na óptica de Pedro Guedes
"não são temas suficientemente motivadoras
para impulsionarem os estudantes para a luta".
Para fechar o debate ambos consideraram que a participação
cívica nos órgãos associativos é
fundamental e é também função
dos alunos, para além de estudar.
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