Oito meses depois de terem
sido interrompidas para obras de melhoramento na linha,
as viagens de automotora entre a Covilhã e a Guarda
foram retomadas na última sexta-feira, 16.
O nova automotora é mais confortável. Tem
assentos estofados, é maior e até sistema
sonoro que permite ouvir rádio durante as viagens.
Luxos que os utentes agradecem mas que não vêm
alterar, em nada, o tempo médio das viagens. É
que, apesar das obras na linha e da renovada carruagem,
a viagem entre as duas cidades continua a demorar cerca
de uma hora e um quarto. “O comboio é novo
mas a linha é velha”, comenta um passageiro.
De qualquer modo, continua, “ainda é melhor
do que viajar de autocarro”.
Aliás, durante os meses em que a linha esteve interrompida
(desde Agosto de 2003), a maioria dos utentes regulares,
teve que fazer a viagem num autocarro que a CP colocou à
disposição. Mas as recordações
não são as melhores. “Já andava
farto daquilo”, comenta António Dias, um habituée
da antiga automotora. Com 61 anos, conta que há mais
de 20 usa o comboio regularmente para se deslocar entre
a Guarda e a Covilhã. “Não há
nada melhor para estas ‘aldeolas’ todas que
ficam pelo meio”. Da anterior composição
também não guarda muitas saudades. “Era
fria no Inverno e quente no Verão e chegava a chover
cá dentro”, explica. E agora? “Agora
parece que viajamos de primeira classe”. O tempo de
viagem, que se mantém, apesar das melhorias, também
não incomoda o “veterano”. António
Dias não se importa. Diz que tempo é coisa
que não lhe falta. Mas, atira, “para os mais
apressados, isto deve ficar mais rápido quando acabarem
as obras em definitivo”.
Com efeito, apesar da linha já estar aberta, e se
efectuarem seis viagens diariamente (três em cada
sentido), ainda não está tudo feito. As obras
continuam em algumas das pontes que asseguram o percurso
e só deverão estar prontas em 2005.
O NC fez, na sexta-feira, a segunda viagem do dia entre
a Guarda e a Covilhã. Um percurso que contou com
poucos viajantes. Alguns explicam que, apesar de raramente
encher, “normalmente há mais passageiros, principalmente
às sextas-feiras, com os estudantes da universidade.
Só que poucos sabiam que hoje já havia comboio”.
E mesmo os que foram avisados, remata, “não
acreditaram”.
O maior conforto em relação à antiga
composição Allan, com mais de cinquenta anos,
é notório. No entanto, e apesar do reforço
das pontes, a locomotiva continua a atravessá-las
a 10 quilómetros hora, e a velocidade máxima
raramente ultrapassa os 50 quilómetros hora. Para
além disso, queixam-se alguns passageiros, o “barulho
é o mesmo e continua a abanar por todo o lado”.
Ainda assim, a opinião é unânime, “é
o melhor meio de transporte entre a Guarda e a Covilhã”.
Guarda e Covilhã mais próximas
por estrada
Mesmo que no final das obras a linha entre Guarda e Covilhã
possibilite uma viagem mais curta em termos de tempo,
muito dificilmente conseguirá ultrapassar os tempos
conseguidos por estrada. O NC fez a viagem entre as duas
cidades pela Nacional 18 e pela A23 e constatou que, em
qualquer dos casos, o tempo de viagem é muito mais
curto, mesmo cumprindo todos os limites de velocidade
impostos pela sinalização. Pela N18, em
que o automobilista não pode exceder os 90 quilómetros
por hora, e em que a existência de inúmeras
povoações e “zonas perigosas”
obriga a abrandar até aos 70 e aos 50. Ainda assim,
foi possível efectuar a viagem entre as estações
de caminhos de ferro das duas cidades em 45 minutos. Tempo
que diminui substancialmente quando a via utilizada é
a auto-estrada. Pela A23, e mais uma vez cumprindo os
limites de velocidade que obrigam a abrandar para os 80
quilómetros por hora nos túneis da Benespera,
a viagem não demora mais do que 32 minutos. Isto,
saindo da auto-estrada no nó Covilhã-Norte.
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