Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


O Covilhã esteve a vencer por 3-1 até 11 minutos do final, mas consentiu três golos que deram a vitória ao Leixões

Há dias em que mais vale não sair de casa. Que o digam os jogadores do Covilhã que, no último domingo, terão comprometido em definitivo a sua permanência na Liga de Honra. Frente ao Leixões, tudo correu mal aos covilhanenses. Bem… quase tudo.
Embora, analisando a totalidade dos primeiros 45 minutos, não o merecesse, o certo é que o Covilhã chegou ao intervalo a vencer por 2-0. Rui Morais abriu o marcador aos 3 minutos numa jogada rápida de contra-ataque, e Oseias ampliou a vantagem aos 36, aproveitando da melhor forma uma desconcentração da defensiva forasteira e uma fífia do guarda-redes Marco. Pelo meio, o Leixões foi sempre a equipa mais perigosa, e a que mais perigo criou junto da baliza contrária. Detinho, uma dor de cabeça constante para a defensiva leonina, construiu várias jogadas que depois João Pedro e Bruno China não conseguiram concretizar. Pela parte do Covilhã, Hermes e Oseias, os mais adiantados, quase não viam a bola, tal era a superioridade dos nortenhos no meio-campo. Uma superioridade que, diga-se em abono da verdade, teve o “dedinho” de João Ferreira. O árbitro de Setúbal, ao longo de toda a partida, usou dois pesos e duas medidas. Um critério muito largo para os leixonenses e pouca margem de tolerância para os serranos. A título de exemplo, refira-se que Detinho chegou ao fim do jogo sem um amarelo depois de ter distribuído cotoveladas pela defensiva local que obrigaram Celso (26 m) e Ankyofna (49 m) a serem substituídos, e Piguita a alinhar mais de uma hora com a cabeça “ligada”. Já para não falar que, a primeira parte teve oito minutos de desconto. Mesmo com o atraso provocado pela substituição de Celso, foi uma “compensação” exagerada.
Na segunda metade tudo se alterou. Ainda não estavam decorridos cinco minutos e já o Leixões diminuía a desvantagem com um golo de Pedras na marcação de uma grande penalidade. Um castigo que surge na sequência de um canto a favor dos durienses e em que Piguita é penalizado por agarrar Detinho dentro da área. Esteve bem o árbitro da partida neste lance, mas deixou por assinalar mais uma dúzia de pénaltis. Tantos quantos os cantos que houve na partida em que a cena se repetiu com diferentes protagonistas.
Ainda assim, reagiu bem o conjunto da casa. Dois minutos depois de o Leixões ter reduzido, Oseias recoloca a vantagem em dois golos com um pontapé espectacular através da marcação de um livre directo à entrada da área.
Por momentos o Covilhã parecia já ter ganho o jogo, e o Leixões, sem força anímica, não encontrava soluções para ultrapassar o meio campo. Mas a 25 minutos do final tudo se altera com mais uma decisão polémica do árbitro. Rui Morais tenta perder algum tempo segurando a bola fora das quatro linhas e é empurrado contra a vedação por Zamorano. O sportinguista responde na mesma moeda e atinge o leixonense na cara. Para surpresa geral, João Ferreira mostra o vermelho ao covilhanense e nem sequer adverte Zamorano.
A jogar com apenas 10 elementos, e sem soluções no banco, o Covilhã perdeu-se. Aos poucos o Leixões foi recuperando o ânimo e, nos últimos minutos massacrou autenticamente a área covilhanense. Empenhado em segurar a vantagem, o Covilhã arriscou menos no ataque e o técnico nortenho manda avançar o central Joel para a área adversária. Uma medida que surtiu efeitos imediatos. Joel marcou o segundo da sua equipa aos 79 minutos e catapultou o Leixões para a reviravolta no resultado. Em apenas 11 minutos o Covilhã “desintegrou-se” e o conjunto duriense marca mais dois golos por intermédio de João Pedro, sentenciando a 18ª derrota dos leões na prova e deitando por terra as já ténues esperanças de permanência.
Agastado com as incidências do jogo, no final, João Cavaleiro reconheceu que “se já estava difícil (a manutenção), pior ficou”. No entanto, avisa, “até final, vamos ser sempre os mesmos: dignos e sérios”.