Há dias em que
mais vale não sair de casa. Que o digam os jogadores
do Covilhã que, no último domingo, terão
comprometido em definitivo a sua permanência na
Liga de Honra. Frente ao Leixões, tudo correu mal
aos covilhanenses. Bem… quase tudo.
Embora, analisando a totalidade dos primeiros 45 minutos,
não o merecesse, o certo é que o Covilhã
chegou ao intervalo a vencer por 2-0. Rui Morais abriu
o marcador aos 3 minutos numa jogada rápida de
contra-ataque, e Oseias ampliou a vantagem aos 36, aproveitando
da melhor forma uma desconcentração da defensiva
forasteira e uma fífia do guarda-redes Marco. Pelo
meio, o Leixões foi sempre a equipa mais perigosa,
e a que mais perigo criou junto da baliza contrária.
Detinho, uma dor de cabeça constante para a defensiva
leonina, construiu várias jogadas que depois João
Pedro e Bruno China não conseguiram concretizar.
Pela parte do Covilhã, Hermes e Oseias, os mais
adiantados, quase não viam a bola, tal era a superioridade
dos nortenhos no meio-campo. Uma superioridade que, diga-se
em abono da verdade, teve o “dedinho” de João
Ferreira. O árbitro de Setúbal, ao longo
de toda a partida, usou dois pesos e duas medidas. Um
critério muito largo para os leixonenses e pouca
margem de tolerância para os serranos. A título
de exemplo, refira-se que Detinho chegou ao fim do jogo
sem um amarelo depois de ter distribuído cotoveladas
pela defensiva local que obrigaram Celso (26 m) e Ankyofna
(49 m) a serem substituídos, e Piguita a alinhar
mais de uma hora com a cabeça “ligada”.
Já para não falar que, a primeira parte
teve oito minutos de desconto. Mesmo com o atraso provocado
pela substituição de Celso, foi uma “compensação”
exagerada.
Na segunda metade tudo se alterou. Ainda não estavam
decorridos cinco minutos e já o Leixões
diminuía a desvantagem com um golo de Pedras na
marcação de uma grande penalidade. Um castigo
que surge na sequência de um canto a favor dos durienses
e em que Piguita é penalizado por agarrar Detinho
dentro da área. Esteve bem o árbitro da
partida neste lance, mas deixou por assinalar mais uma
dúzia de pénaltis. Tantos quantos os cantos
que houve na partida em que a cena se repetiu com diferentes
protagonistas.
Ainda assim, reagiu bem o conjunto da casa. Dois minutos
depois de o Leixões ter reduzido, Oseias recoloca
a vantagem em dois golos com um pontapé espectacular
através da marcação de um livre directo
à entrada da área.
Por momentos o Covilhã parecia já ter ganho
o jogo, e o Leixões, sem força anímica,
não encontrava soluções para ultrapassar
o meio campo. Mas a 25 minutos do final tudo se altera
com mais uma decisão polémica do árbitro.
Rui Morais tenta perder algum tempo segurando a bola fora
das quatro linhas e é empurrado contra a vedação
por Zamorano. O sportinguista responde na mesma moeda
e atinge o leixonense na cara. Para surpresa geral, João
Ferreira mostra o vermelho ao covilhanense e nem sequer
adverte Zamorano.
A jogar com apenas 10 elementos, e sem soluções
no banco, o Covilhã perdeu-se. Aos poucos o Leixões
foi recuperando o ânimo e, nos últimos minutos
massacrou autenticamente a área covilhanense. Empenhado
em segurar a vantagem, o Covilhã arriscou menos
no ataque e o técnico nortenho manda avançar
o central Joel para a área adversária. Uma
medida que surtiu efeitos imediatos. Joel marcou o segundo
da sua equipa aos 79 minutos e catapultou o Leixões
para a reviravolta no resultado. Em apenas 11 minutos
o Covilhã “desintegrou-se” e o conjunto
duriense marca mais dois golos por intermédio de
João Pedro, sentenciando a 18ª derrota dos
leões na prova e deitando por terra as já
ténues esperanças de permanência.
Agastado com as incidências do jogo, no final, João
Cavaleiro reconheceu que “se já estava difícil
(a manutenção), pior ficou”. No entanto,
avisa, “até final, vamos ser sempre os mesmos:
dignos e sérios”.
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