Contestação
estudantil e a busca de uma cura para as enfermidades do
curso de Medicina marcaram a manhã do terceiro dia
do Fórum Pedagogia 2004 organizado pela AAUBI.
O painel dedicado à Faculdade de Ciências da
Saúde começou pela manhã da passada
quartafeira, dia 29, com uma conversa informal, dado o número
reduzido de pessoas presentes, entre alunos do curso de
Medicina da UBI e o director do Centro Hospitalar Cova da
Beira, Miguel Castelo Branco.
Os alunos mostram-se descontentes com a falta de rigor e
os erros informáticos na avaliação.
É frequente acontecer discrepâncias acentuadas
entre as notas atribuídas pelos professores e as
afixadas nas pautas. A anulação de perguntas
mal formuladas nos testes é outro dos problemas apontado
pelos alunos. José Pedro Felgar, aluno do 2º
ano de Medicina, observa que a avaliação deve
ser rigorosa, mas o que acontece é que “não
dão valor trabalho”, pelo que, declara ainda,
“se o trabalho não é valorizado, saio
de cá”. O aluno pede que haja um maior rigor
e exigência no curso de Medicina pelo “nível
elevado de responsabilidade” exigido aos profissionais
da área, sendo, portanto, necessário “fomentar
essa responsabilidade nos alunos”. Miguel Castelo
Branco, docente da UBI e director da Área Clínica
do Gabinete de Educação Médica, mostra-se
solidário com as preocupações apresentadas
e concorda que “tem de haver rigor”. O docente
defende a implementação de um método
novo que venha superar as lacunas pedagógicas implícitas
ao método tradicional de ensino. O que se precisa
é “de um método para além da
teoria” que possa ser actualizável à
semelhança de um “upgrade”, pois que
a Medicina é mutável e no fim de poucos anos
as técnicas e conhecimentos se desactualizam, clarifica
o docente.
Bolonha: a versão portuguesa
O segundo painel do dia foi subordinado ao tema “Internacionalização
do Ensino Superior – Implicações do
Processo de Bolonha no Ensino Superior Português”.
Em cima da mesa foram colocadas questões relativas
aos papeis do aluno e do professor na aprendizagem e à
mobilidade, competitividade e empregabilidade no modelo
europeu de ensino superior proposto no Processo de Bolonha.
O Vice-Reitor, Luís Carrilho, abriu a tarde com
a apresentação da Convenção
de Bolonha. António Cabaco, da Universidade Pontifica
de Salamanca, observa na sua intervenção
que “o papel passivo de aprendizagem do aluno e
o papel do professor como mero transmissor de informação
irão passar à história”. Cabaco
defende ainda a necessidade de “uma continuidade
entre o ensino pré-universitário e universitário”
dado que “as transformações na universidade
deviam ser precedidas por transformações
na formação anterior”.
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