Por Eduardo Alves


O reitor da UBI, Santos Silva, a contemplar a exposição

Simbolizam o que a Galiza tem de melhor no campo artístico. Expoentes contemporâneos, Erramun Landa, pintor, e Bernardo Atxaga, poeta, mostram o resultado do seu trabalho no Museu de Lanifícios da UBI. Intitulada "Frontera Permeable", esta exposição tem para oferecer aquilo que os autores consideram como uma ligação entre seres diferentes. Retratadas através do homem e da mulher, as diferenças entre todas as coisas podem também transformar-se em igualdades. Para além da ligação física entre os corpos, para além da ligação cultural entre as gentes, os autores extrapolam a mensagem para parâmetros universais. Juntam letras e desenhos numa interpretação que serve para tudo.
Esta mostra de arte que vai estar patente ao público até ao próximo dia 30 de Abril apresenta-se bastante solicitada por vários museus do Velho Continente. As palavras de Manuel Funtán del Junco, director do Instituto Cervantes vão para o facto "de estes trabalhos representarem muito da alma do povo galego, de uma forma muito peculiar". A conjugação dos desenhos com a poesia e o texto livre foi uma ideia bem acolhida pelo público. Os dois artistas não marcaram presença na inauguração devido ao facto "de estarem a preparar novos trabalhos", acrescentam os organizadores.

Interligações pessoais

As linhas contorcidas das telas expostas no frio corredor do Museu dos Lanifícios representam corpos "fundidos entre si". A explicação é feita em pequenos textos que encimam os quadros. Trabalhos de dois artistas espanhóis influenciados pela troca de experiências corporais. Centrados no homem e na mulher, a obra de Erramun Landa e Bernardo Atxaga universaliza-se na relação entre os homens e o meio.
Isto porque os intérpretes desta nova arte, de desenhos curvos, onde a mesma linha dá origem a dois corpos, referem que ela representa toda a cultura do homem ibérico. O romper de fronteiras e a permeabilidade das divisórias é sempre conseguida pelos homens. A cultura e os usos comuns, a partilha de saberes e de hábitos leva a que numa região marcada pelas diferenças territoriais e linguísticas, a cultura seja idêntica.