Ainda há esperança.
Não muita, é certo, mas a suficiente para
os Leões da Serra continuarem a acreditar que ainda
é possível a permanência no segundo
escalão do futebol português. No último
domingo, no Santos Pinto, frente ao Desportivo de Chaves,
os pupilos de Cavaleiro voltaram a arregaçar as mangas,
e a acreditar. E desta vez o trabalho deu frutos. Ou melhor…
golos. Por três vezes os leões fizeram o gosto
ao pé (e à cabeça) e conseguiram margem
suficiente para assegurar os três pontos e aguentar
mais de 20 minutos a jogar com 10 (expulsão de Trindade)
e sem centrais. Um pequeno período de desconcentração
na parte final poderia deitar tudo a perder. Os serranos
permitiram dois golos em menos de quatro minutos e terminaram
a partida em sofrimento. Mas a justiça, desta vez,
prevaleceu e a vitória não escapou.
O resultado começou a ser construído na primeira
parte. A bem dizer, os golos foram mesmo o único
ingrediente de 45 minutos destemperados. Em campo apresentavam-se
duas equipas lentas a mexer e a pensar, de tal modo, que
o primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu apenas aos
23 minutos: Trindade ganha no meio campo e corre em direcção
à área. Tarantini foge para a esquerda e arrasta
consigo um central, abrindo um espaço para o remate
do capitão que vai embater na trave de Tó
Ferreira.
À meia-hora de jogo, Cavaleiro lê bem e troca
Rui Andrade por Orlando. O “tónico” funcionou
quase instantaneamente. Três minutos depois o Covilhã
chega ao golo depois de o extremo recuperar uma bola quase
perdida junto à linha e assistir Nélson que
marca, dentro da pequena área, com um pouco de sorte
à mistura. Quatro minutos depois os serranos ampliam
a vantagem numa jogada que tem início, novamente,
em Orlando. O número oito covilhanense desmarca Trindade
que, já dentro da área cruza para um cabeceamento
exemplar de Oséias.
Ainda antes do intervalo, os transmontanos sofrem novo revés
e, de novo, com influência de Orlando. Valença,
numa disputa de bola mais acesa com o extremo serrano acaba
por atingi-lo na face e Paulo Pereira, o árbitro
da partida, acena sem contemplações com o
vermelho ao nortenho. Uma decisão algo exagerada
uma vez que os jogadores vinham, há vários
metros, a empurrar-se mutuamente. Chaves ainda
assusta
Em inferioridade numérica e em desvantagem no marcador,
o técnico transmontano tenta mudar o rumo dos acontecimentos
logo ao intervalo, deixando Daniel e Miguel Xavier nos
balneários e lançando em campo João
Alves e Diogo. Ganhou mais consistência a formação
do Chaves e ganhou mais emoção um jogo que,
até aí, tinha valido pelos golos. A turma
forasteira passou a jogar com outra garra e a disputar
melhor a bola. E, durante alguns minutos, conseguem empurrar
os serranos para o seu meio-campo. Ainda assim, e pese
o facto de o Covilhã jogar apenas com um central
de raiz (Gérson) devido às ausências
de Piguita e Real, a turma da casa nunca vacilou na defesa
nem descurou o ataque. Prova disso, Hermes, aos 64 minutos,
obriga Tó Ferreira à defesa da tarde depois
de uma bela jogada de contra-ataque que passa pelos pés
de Bruno Caires e Rui Morais.
O terceiro golo não tardaria, porém. Quatro
minutos depois, o mesmo Hermes não desperdiça
um falhanço de Tó Ferreira que sai fora
de tempo a um pontapé de canto e, nas costas do
guarda-redes, cabeceia para o fundo da baliza.
Depois veio o pior. A vinte minutos do final, Paulo Pereira
descortina uma falta de Trindade sobre Mateus na área
serrana e dá duas machadadas no Covilhã
de uma só vez: assinala penalti e expulsa o capitão
leonino (até aí o melhor em campo). Arrieta
não desperdiça e diminuiu para 3-1. A expulsão,
mais que o golo, deixa o conjunto da casa em situação
fragilizada, até porque Cavaleiro já tinha
substituído Gérson, o seu único central
disponível. E quatro minutos depois, na sequência
de um canto, Correia marca de novo para o Chaves e dá
o mote para um final emotivo e disputadíssimo em
que o próprio guardião flaviense se envolveu
em jogadas de ataque na área de Celso. O resultado,
contudo, já estava feito.
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