Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


João Petrucci não apresentou candidatura, mas poderá manter-se à frente do clube

Com as eleições à porta, não há candidatos à Direcção do Sporting da Covilhã. O clube vai, aliás, passar a ser gerido por uma Comissão de Gestão já a partir da próxima terça-feira, 30. Dia para o qual estava agendada uma Assembleia Geral (AG) para eleição dos novos corpos sociais. O prazo para entrega de listas para o próximo mandato terminou na segunda-feira, 22, sem que qualquer proposta tenha dado entrada na sede dos “leões da Serra”.
Uma situação inesperada até porque, ainda há poucas semanas atrás, vários rumores davam conta de uma segunda lista para rivalizar com a do actual presidente. O certo é que nem sequer João Manuel Petrucci apresentou a sua candidatura. O dirigente máximo do Sporting da Covilhã, escusa-se a justificar o porquê de não avançar para a renovação do mandato, e não esclarece se está ou não disponível para continuar ligado aos órgãos sociais do clube.
Face ao não aparecimento de listas para a Direcção, o emblema serrano entra num vazio directivo que terá que ser colmatado, segundo os estatutos do clube, por uma Comissão de Gestão. Um órgão que será nomeado na Assembleia Geral de terça-feira próxima pelo Presidente da Mesa. Contactado pelo NC, José Luís Brito Rocha diz desconhecer os motivos pelos quais Petrucci não se recandidata e afirma-se “traído” pela actual Direcção uma vez que, justifica, “o actual presidente, tinha-me garantido que ia continuar por mais um mandato”. Se assim não fosse, garante, “nunca teria marcado a Assembleia Geral Extraordinária de 5 de Março para discussão e aprovação do contrato de cedência do Silo-Auto do clube à Parq C. Pois não faria sentido estar a decidir sobre uma situação financeira a um mês das eleições, se a actual Direcção não estivesse disposta a continuar”.
Segundo Brito Rocha, tal Assembleia só foi convocada “porque João Petrucci assinou um documento em que se comprometia a continuar à frente do clube por mais um mandato, numa reunião entre os três órgãos do clube” (Direcção, Conselho Fiscal e Assembleia Geral). Compromisso que, reitera o presidente da Mesa da Assembleia, “não foi cumprido”.

“Negócio do silo-auto é ruinoso”

Contundente, Brito Rocha não poupa críticas à actual Direcção e ao contrato com a Parq C. O dirigente diz discordar “totalmente” com o negócio e considera-o “ruinoso para o futuro do clube e da cidade” e que serviu apenas para “resolver compromissos de momento”. “Outra Direcção, com outra estratégia, tinha tido outra atitude, que permitisse encarar a grave situação financeira e desportiva sem sobressaltos”. O presidente da AG revela ter “tentado chamar à ponderação os dirigentes do clube, alertando-os para lerem bem as cláusulas do contrato com a Parq C, e para as implicações sociais na cidade”. O tempo, conclui, “vai encarregar-se de reconhecer este negócio como prejudicial ao clube. Como outros nas décadas de 70 e 80 que atiraram com o Sporting para a III Divisão e o deixaram sem património e cheio de dívidas”.
De qualquer modo, o futuro imediato do clube está nas mãos de Brito Rocha. Marcadas eleições e não aparecendo lista, os estatutos são claros. Segundo o nº 4 do artigo 39º, cabe ao presidente da AG designar uma Comissão de Gestão e uma Comissão de Fiscalização. Medidas que o médico admite seguir à risca e para as quais já tem solução. “A Comissão de gestão será constituída pelos principais dirigentes do clube, pois só eles saberão, com certeza, dirigir a instituição nas condições que escolheram”. Uma situação que se irá prolongar até que seja marcada nova Assembleia Geral para tratar de novo processo eleitoral.
Por outro lado, face à actual situação, Brito Rocha anuncia também o seu afastamento do clube “em definitivo”. O dirigente, diz já não ter disponibilidade para cargos nos corpos sociais, e afirma sair “de consciência tranquila, quer como presidente da Assembleia, quer como covilhanense”.