Um grupo de crianças perdido
numa ilha. Tudo pode acontecer
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“Totem”
O poder do medo
Pequenos membros
de uma tribo organizados pela amizade e brincadeira mas
separados pelo receio de monstros invisíveis é
a trama da encenação do drupo de teatro
Maricastaña.
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Por João
Simão
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Vieram de Espanha, Ourense,
e com algumas mesas de madeira levaram o público
até uma ilha paradisíaca. Crianças
de 12 anos, que fugiam a um possível holocausto nuclear,
tiveram um acidente de avião e ficaram entregues
a si mesmas.
Este é o ponto de partida para peça do grupo
de teatro Maricastaña. “Totem” é
uma adaptação de Fernando Dacosta da obra
“O Senhor das Moscas” de William Golding. Estreou
na Covilhã, na passada terça feira, dia 23,
onde o grupo se "sente como em casa, porque desde o
ano de 1996 é bem acolhido", confessa o encenador.
O medo do desconhecido percorre toda a peça. No início,
as crianças organizaram-se, mas quando começou
o medo de um possível monstro na ilha a ordem estabelecida
começou a falhar. Criaram-se dois grupos, o dos mais
fortes, que eram os caçadores do grupo, e os racionais,
que insistiam na ordem e na organização. A
selvajaria acaba por tomar conta de todos eles, como explica
o encenador Fernando Dacosta: "Por serem muito novos
e não terem assimilado o que é realmente a
cultura do ocidente começam bem organizando-se, mas
acabam por cair na selvajaria, provocada pelo medo, que
é alimentado pelos mais fortes."
”Totem” como um ídolo das primeiras civilizações
adequa-se bem à peça, porque surge como o
começo duma nova religião que vai ser adorada
pelo medo. No entanto, “o nome da peça foi
dado para iludir a Sociedade Geral de Autores, que cobra
direitos de autor a grupos universitários, mas o
título ideal seria «O Senhor das Moscas»,
porque é uma adaptação ao teatro da
obra de William Golding", como explica Fernando Dacosta.
O VIII Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior
tem tido bastante público. Uma espectadora plena
é Ana Rita Carrilho, de 24 anos. Na sua opinião
"esta pode ser uma das melhores peças até
agora. Por ser em galego há partes que escapam, mas
entende-se bem toda a história", afirma.
Estreada no Teatro-Cine, esta peça tem apresentações
já marcadas até ao mês de Novembro por
toda a Espanha. O grupo não descura também
a hipótese de levar “Totem” fora da Península
Ibérica, mas ainda nada está confirmado.
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