Filipa Francisco tem um espectáculo que faz uso da improvisação
Performance no Teatro-Cine
A arte da não representação

A separação entre ensaio e peça é, nesta performance, inexistente. Trata-se de um trabalho que prima pelo inesperado, dado que a protagonista se dispõe a fazer aquilo que o público lhe pedir.


Por Ana Mesquita Morais


Filipa Francisco trouxe ao Teatro-Cine na passada quinta feira, 25, uma performance que se centrou na leitura de listas escritas, no improviso e numa forte interacção com o público.
A bailarina, de 32 anos, afirma que "o processo das listas começou em Nova Iorque, durante uma bolsa estudo", em que lhe foi proposto que ligasse a sua vida com a performance que iria fazer. "Comecei a olhar para os meus cadernos e a constante eram listas", explica Filipa Francisco, que acrescenta ainda que passou a fazer "listagens das ruas por onde passava, listas do que estava a aprender, lista de afazeres, entre outras coisas".
A peça não tem qualquer forma fixa nem um fim determinado, já que a bailarina tentou "tirar completamente o lado da representação e passar a uma não representação", de forma a criar apenas uma leitura com acções.
A actriz tentou não ensaiar muitas vezes a peça, já que o principal desafio era ler as listas como se fosse a primeira vez, reagindo aos imprevistos do momento e às reacções ou pedidos do público presente.
Na performance de uma hora, Filipa Francisco mostrou aos espectadores que “estas listas não eram mais do que imensas possibilidades de mapeamento de vivências”.
No dia seguinte, 26, a bailarina dedicou-se ao ensino do que melhor sabe fazer, dando um workshop de dança contemporânea.