Caria
“Estou de atestado médico porque me faltaram
ao respeito”
A extensão de
saúde de Caria está sem o seu médico
devido a uma quezília deste com uma funcionária
administrativa do Centro de Belmonte. João Salgueiro
diz que só volta a trabalhar se aquela empregada
mudar de secção.
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Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi
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“Quero que se saiba a verdade. Estou disposto a
tudo para que as coisas se saibam e não posso ficar
prejudicado”. É assim que o médico
da extensão de saúde de Caria mostra a sua
determinação em começar por “contar
a verdade”. João salgueiro está de
atestado médico há mais de um mês,
mas revela quais as verdadeiras razões que o levam
a estar em casa, ao invés de estar a “fazer
aquilo que gosta”.
Recorde-se que, na edição da semana passada,
e depois de ter ido a Caria saber porque é que
aquela extensão se encontrava sem médico
há mais de um mês, o NC publicou uma notícia
na qual a população revela que, apesar de
“gostar muito do médico”, não
entende porque é que ele deixara de dar consultas.
Por sua vez, Manuel Geraldes, director clínico
do Centro de Saúde de Belmonte, garantia que o
problema já estava resolvido, uma vez que, enquanto
o médico estivesse de atestado médico, uma
outra do Centro de Saúde da Covilhã ia substituí-lo
duas vezes por semana.
Porém, João Salgueiro esclareceu que o seu
“atestado médico” deve-se a "uma
falta de respeito por parte de uma funcionária
administrativa" das urgências do Centro de
Saúde de Belmonte, que “está na secretaria
a receber os doentes”. “Há cerca de
dois meses e meio, o director clínico do Centro
necessitou de uma funcionária e foi ao desemprego
buscar uma pessoa”, afirma. Uma funcionária
que, refere, “foi mal-educada e desrespeitou-me”.
De acordo com Salgueiro, a funcionária em causa
estaria a fumar um cigarro. “Educadamente pedi-lhe
para abrir um pouco a janela. Olhou para mim com um ar
desafiador, dizendo porque é que o havia de fazer,
e se o fumo me incomodasse, ela não tinha nada
a ver com isso porque não me conhecia de nenhum
lado”, conta. Ora, “é despropositado
que essa pessoa tenha uma reacção destas
quando um médico que, por acaso é o chefe
de equipa, lhe pediu o favor de abrir um pouco a janela
”, lamenta. João Salgueiro, há cerca
de três anos atrás, foi submetido a uma transplante
de rim, por isso, subjugado a inúmeros medicamentos.
“Sou uma pessoa doente e não sou obrigado
a levar com o tabaco dos outros. Para além do que,
fumar ali, dá muito mau aspecto”, reitera.
Para além disso, considera: “É muito
injusto para mim trabalhar com uma funcionária
que cada vez que eu vá fazer urgências, me
esteja sempre a desafiar e a provocar”. Salgueiro
admite que não é pessoa de ficar “impávida”
quando lhe faltam ao respeito.
Exposição mandada
para a Sub-Região
Na esperança de que o
problema fosse resolvido, o médico diz ter avisado
Manuel Geraldes do sucedido. Mas, diz, o director clínico
nada terá feito para que aquela situação
não se voltasse a repetir. “Numa situação
normal, a senhora ia para a rua. Arranjava-se outra e
o assunto estava arrumado. Mas o doutor Geraldes nada
fez e a funcionária mantinha-se lá e com
ar cada vez mais desafiador para mim”, declara.
O médico de Caria terá mesmo chegado a perguntar
ao director clínico se este “preferia uma
funcionária que pedira ao desemprego sem qualquer
vínculo, ou um médico que já está
quase há 20 anos no Centro”. O médico
confessa que “algo de estranho se passa” e
acusa mesmo que “isto é uma grande cunha.
Não percebo como é que um médico
pode pôr a população em causa”,
diz.
Salgueiro diz já ter mandado “uma exposição
do que se tinha passado para a Sub-Região de Saúde
de Castelo Branco”. No entanto, “até
hoje, não recebi nenhuma resposta e já passaram
duas semanas. Se o tivessem feito, as coisas não
teriam ido parar aos jornais”, justifica. Para além
disso, não entende “como é que a Sub-Região
pode estar a pagar horas extraordinárias aos médicos
e deslocar uma médica do Centro da Covilhã”.
E interroga: “Como é que é possível
que, havendo falta de médicos em Caria, permitem
que eu, a três quilómetros, fique em casa
com vontade para trabalhar, só porque não
mudam a funcionária de secção"?
João Salgueiro diz querer que a situação
se resolva e dá uma solução muito
simples para o caso ficar arrumado. É que “apesar
de tudo, não quero que a despeçam. Só
quero que o director do Centro ponha a funcionária
noutra secção em vez de estar nas urgências”.
Caso contrário, as duas vezes por semana que Salgueiro
vai dar consulta às urgências no Centro de
Belmonte, é obrigado a confrontar-se com ela. Assim,
impõe a sua condição: “Só
volto a dar consultas se tirarem a senhora das urgências”.
O director clínico do Centro de Saúde, preferiu,
para já, não comentar.
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