Por
Alexandre S. Silva
Courtney Love é daquelas pessoas que dá
mesmo gosto detestar. É presunçosa,
arrogante e egoísta. É mais conhecida
pela sua ligação marital a Kurt
Cobain e pela sua propensão para o escândalo,
do que propriamente pelo seu contributo para a
música. E, no entanto, considera-se uma
dádiva de Deus ao rock. Chega a ser tão
irritante que dá vontade de a ver numa
sequela de “Pesadelo em Elm Street”
ou “Sexta-Feira 13” a ser esquartejada
pelas próteses digitais de Freddy Kruger
ou pelo facalhão de Jason Voorhees ao som
de qualquer uma das faixas que compõem
o seu mais recente trabalho.
Aliás, a anterior referência aos
filmes de terror classe B, aplica-se que nem uma
luva, a “America’s Sweetheart”:
é obscuro, cru, mal produzido, previsível
e com interpretações a roçar
o medíocre (e isto são as coisas
boas). Mesmo quando tem contribuições
de intérpretes consagrados como Bernie
Taupin. Mas, tal como aquelas películas,
não deixa de ser… empolgante e, de
certa forma, divertido. Aliás, quando Love
canta em “Mono”, a faixa de abertura,
“Oh God You own me one more song/ So I can
prove to You / That I’m so much better than
him” (sendo “him” o falecido
Kurt Cobain), não se pode, a seguir à
inicial indignação, conter a gargalhada.
Ainda assim, e apesar do pretensiosismo, há
que elogiar aquela atitude punk-rock do “estou-me
nas tintas p’ró que toda a gente
pensa”, e alguns momentos, raros, que apesar
de não muito originais, acabam por deixar
uma sensação agradável.