Teatro do Ser trouxe peça
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“O caso
d'o meu caso”
Autores, actores e público
em cena
Uma peça diferente
que vive da interacção dos actores com o
público.
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Por Marta Nogueira
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Na passada quarta-feira,
dia 17, a peça "O caso d'o meu caso" subiu
ao palco do Teatro Cine, na Covilhã. O Teatro do
Ser, grupo de teatro da Universidade Nova de Lisboa, trouxe
uma peça algo diferente ao VIII ciclo de Teatro Universitário
da Beira Interior.
Os espectadores ficaram surpreendidos quando logo no início
foram abordados por um dos actores que pedia dez cêntimos
para comprar uma cadeira de rodas para a sua mulher paralítica.
Entretanto, outro actor sentado entre o público levanta-se
revoltado por a peça ainda não ter começado.
E é assim que, durante uma hora e meia, o público
ainda confuso participa na peça.
"Achei a ideia engraçada. Os actores vinham
de vários sítios e houve pequenos pormenores
muito bem conseguidos", avalia Mário Gomes.
O encenador e também actor da peça, Jorge
Almeida, justifica a importância da interactividade
com o público por este ser uma parte integrante do
teatro. "Devemos-lhe existência, trabalhamos
para ele e quisemos que ele fizesse parte do nosso espaço",
sublinha.
"O caso d'o meu caso" é uma história
que se desenrola à volta do próprio teatro
e que conclui que nada tem um caso, nem o próprio
teatro. "É uma redundância que não
origina nada. O caso nunca é nada; nem o desconhecido
tem um caso", explicava Jorge Almeida.
A peça é uma adaptação de "O
meu caso" de José Régio e é inspirada
em "O Público" de Garcia Lorca e "O
público em cena" de Almada Negreiros. Três
autores de períodos diferentes, mas com a veia do
surrealismo. Tal como nos espectáculos anteriores,
no final da peça o público dirigiu-se às
urnas onde colocou o seu voto sobre o que viu.
A noite acabou com a já habitual tertúlia
entre os elementos do Teatro do Ser e o próprio público,
onde se trocaram ideias sobre o teatro.
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