João Pires aponta o "stress" com a causa da ansiedade nos professores
Doença profissional
Professores sofrem de ansiedade

A actual situação da profissão docente é propícia a situações de ansiedade e depressão como explicou João Pires na UBI.


Por João Simão


O professor da Escola Superior de Saúde de Castelo Branco, João Santos
Pires, apontou causas e consequências, e traçou uma estratégia de
auto-controle para as situações de stress, que afectam a classe docente.
Esta situação faz com que os professores recorram frequentemente a
psicólogos e psiquiatras.
Organizado pela Sindicato de Professores da Zona Centro (SPZC) a
acção de formação “Ansiedade, esgotamento emocional e as suas consequências no desempenho da actividade docente”, decorreu esta segunda-feira, dia 8, no anfiteatro 8.01 da Universidade da Beira Interior.
Para João Pires, professor na área da psicologia, actualmente o
factor que mais contribui para o mal estar e a ansiedade dos docentes é “a
situação dos concursos, em que as regras são alteras a cada dia que passa, e a incerteza em relação ao futuro, no que diz respeito à colocação ou não. Este conjunto de situações instáveis da profissão docente leva ao «stress» que origina os estados de ansiedade e de depressão de que tantos professores padecem.
A baixa auto-estima, resultado do estado de ansiedade e depressão, afecta o sistema imunológico deixando o docente mais exposto a doenças. O sofrimento causado por estes estados é na maioria das vezes psicológico, no entanto há sintomas físicos como os dedos frios, sonolência e fadiga.
Para um maior auto-controle destas situações João Pires aconselhou o afastamento da fonte causadora de «stress», a elaboração de uma lista com as tarefas mais importantes, o saber dizer não a uma sobrecarga de tarefas, e admitir chorar, apontando este último como um factor benéfico física e psicologicamente.
Os docentes acorreram em massa a esta acção de formação,
enchendo o anfiteatro. O tema despertava interesse em todos uma vez que experimentam diariamente situações preocupantes e de ansiedade. Manuela Craveira, a leccionar na Boidobra, admitiu já ter recorrido a um psicólogo, tal como muitos dos seus colegas. Segundo esta docente “a falta de estabilidade no emprego e nas escolas, a falta de disciplina dos alunos, e a delegação total de responsabilidades dos pais no que respeita à educação dos filhos causa muita tensão aos docentes”.
O tema despertou também interesse em alunos da UBI, futuros professores, como é o caso de Sandra Cunha, estudante de matemática via ensino, que já se sente preocupada “porque a informação que chega deixa antever um futuro negro. A falta de emprego é preocupante porque vamos acabar um curso que não vamos poder exercer”, diz em jeito de desabafo.
“Actualmente em Portugal, ao contrário de alguns países nórdicos, a ansiedade e a depressão ainda não é considerada uma doença profissional, mas creio que muito brevemente no nosso País também o será” confessa João Pires.
O SPZC está já a preparar uma nova acção de formação para o mês
de Maio mas ainda nada está confirmado.