Uma vez que a união
da Beira Interior não vai ser possível é
necessário garantir, pelo menos, a coesão
da Cova da Beira mais Penamacor. Caso isso não aconteça,
e estes municípios se dividam, o Fundão deve
juntar-se a Castelo Branco, com quem tem mais afinidades.
Quanto à eventualidade da constituição
de uma Comunidade Intermunicipal, não faz qualquer
sentido. É esta a opinião, unânime,
das quatro forças políticas com assento na
Assembleia Municipal do Fundão, que reuniu no último
sábado, 28, onde foi discutido o modelo de descentralização
a adoptar.
E embora os deputados municipais, chamados a pronunciar-se
sobre o assunto, prefiram encarar o cenário de uma
Cova da Beira fragmentada como uma possibilidade remota,
o que é certo é que isso se torna cada vez
mais provável, porque enquanto Covilhã e Belmonte
preferem juntar-se à Guarda, Fundão e Penamacor
estão mais virados para Castelo Branco.
Manuel Frexes diz que se chegou a uma encruzilhada onde
é preciso tomar decisões para escolher o melhor
para o concelho. E frisa que isso terá que ser feito
“até 31 de Março”, para que não
se percam os apoios para a constituição das
comunidades urbanas previstos no Orçamento de Estado.
O presidente da Câmara Municipal do Fundão
deixa ainda vincado que será o último a pôr
em causa a unidade da Cova da Beira. “Se isso vier
a acontecer não será o Fundão a fazê-lo”,
garante. No entanto, o autarca sublinha a maior proximidade
com Castelo Branco. “Não podemos nunca esquecer
as nossas realidades históricas e convivências
de séculos. É com Castelo Branco que partilhamos
a Gardunha, o Fundão tem localidades para lá
da Gardunha, a nossa maior fronteira é com Castelo
Branco”, salienta.
Castelo Branco e Guarda "sem argumentos"
para não ficarem juntos
Abel Rodrigues, presidente da concelhia socialista, aproveitou
para reiterar que a legislação em causa,
que visa a descentralização, “é
uma má lei, que nasceu torta e torta continua”.
Relativamente à decisão a tomar, Abel Rodrigues
não vê relevância numa Comunidade Intermunicipal
e defende que o Fundão, não tendo alternativas,
se deve juntar ao Sul do distrito, embora ressalve a ideia
de uma Cova da Beira unida.
A comunista Isabel Coelho frisa também que “a
CDU discorda deste processo de descentralização”
mas, perante esta realidade, entende que “a solução
que vier a ser adoptada não deve permitir a desagregação
da Cova da Beira” e diz não a uma Intermunicipal,
“por ser uma estrutura muito débil, que não
tem competências de planeamento”.
E embora Manuel Frexes tivesse ficado a perceber o que
pensa a Assembleia Municipal, não foi tomada qualquer
decisão oficial por este órgão relativamente
a esta matéria, já que o presidente da autarquia
aceitou a sugestão de Adelino Pereira. O comunista
propôs uma reunião de Frexes com a comissão
permanente, agendada para a última quarta-feira,
por entender que a divulgação de uma decisão
concreta poderia precipitar uma tomada de posição
da Covilhã e Belmonte.
Na Assembleia, depois de apresentar uma projecção
em diapositivos que explicavam o desenrolar deste processo,
Manuel Frexes sublinhou que ainda não ouviu “um
único argumento sólido” para justificar
porque é que a Guarda e Castelo Branco não
querem ficar juntos. “O que está por trás
disto são coisas de outra natureza que as pessoas
não se atrevem a dizer”, acrescentou. E apontou
a “localização estratégica
da Cova da Beira e a centralidade histórica das
capitais de distrito” como motivos. Uma ideia repetida
da direita à esquerda.
Abel Rodrigues salientou que este processo está
a ser marcado pelas “guerras de poleiro de autarcas
que continuam a olhar só para o seu umbigo”.
Mas Alberto Almeida, da bancada eleita pela lista independente
frisa que “dentro da Cova da Beira há também
protagonismos”.
|