A reforma de Miguel Relvas vai fazer com que Fundão se ligue a Castelo Branco
Comunidades Urbanas no Fundão
Sem Cova da Beira unida, Assembleia Municipal prefere Castelo Branco

Manuel Frexes quis saber o que pensa este órgão e as quatro bancadas estiveram em sintonia. Deve-se lutar até ao fim para que a Cova da Beira e Penamacor não se dividam na constituição de uma Comunidade Urbana. Mas há mais afinidades com Castelo Branco.


Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


Uma vez que a união da Beira Interior não vai ser possível é necessário garantir, pelo menos, a coesão da Cova da Beira mais Penamacor. Caso isso não aconteça, e estes municípios se dividam, o Fundão deve juntar-se a Castelo Branco, com quem tem mais afinidades. Quanto à eventualidade da constituição de uma Comunidade Intermunicipal, não faz qualquer sentido. É esta a opinião, unânime, das quatro forças políticas com assento na Assembleia Municipal do Fundão, que reuniu no último sábado, 28, onde foi discutido o modelo de descentralização a adoptar.
E embora os deputados municipais, chamados a pronunciar-se sobre o assunto, prefiram encarar o cenário de uma Cova da Beira fragmentada como uma possibilidade remota, o que é certo é que isso se torna cada vez mais provável, porque enquanto Covilhã e Belmonte preferem juntar-se à Guarda, Fundão e Penamacor estão mais virados para Castelo Branco.
Manuel Frexes diz que se chegou a uma encruzilhada onde é preciso tomar decisões para escolher o melhor para o concelho. E frisa que isso terá que ser feito “até 31 de Março”, para que não se percam os apoios para a constituição das comunidades urbanas previstos no Orçamento de Estado.
O presidente da Câmara Municipal do Fundão deixa ainda vincado que será o último a pôr em causa a unidade da Cova da Beira. “Se isso vier a acontecer não será o Fundão a fazê-lo”, garante. No entanto, o autarca sublinha a maior proximidade com Castelo Branco. “Não podemos nunca esquecer as nossas realidades históricas e convivências de séculos. É com Castelo Branco que partilhamos a Gardunha, o Fundão tem localidades para lá da Gardunha, a nossa maior fronteira é com Castelo Branco”, salienta.

Castelo Branco e Guarda "sem argumentos" para não ficarem juntos

Abel Rodrigues, presidente da concelhia socialista, aproveitou para reiterar que a legislação em causa, que visa a descentralização, “é uma má lei, que nasceu torta e torta continua”. Relativamente à decisão a tomar, Abel Rodrigues não vê relevância numa Comunidade Intermunicipal e defende que o Fundão, não tendo alternativas, se deve juntar ao Sul do distrito, embora ressalve a ideia de uma Cova da Beira unida.
A comunista Isabel Coelho frisa também que “a CDU discorda deste processo de descentralização” mas, perante esta realidade, entende que “a solução que vier a ser adoptada não deve permitir a desagregação da Cova da Beira” e diz não a uma Intermunicipal, “por ser uma estrutura muito débil, que não tem competências de planeamento”.
E embora Manuel Frexes tivesse ficado a perceber o que pensa a Assembleia Municipal, não foi tomada qualquer decisão oficial por este órgão relativamente a esta matéria, já que o presidente da autarquia aceitou a sugestão de Adelino Pereira. O comunista propôs uma reunião de Frexes com a comissão permanente, agendada para a última quarta-feira, por entender que a divulgação de uma decisão concreta poderia precipitar uma tomada de posição da Covilhã e Belmonte.
Na Assembleia, depois de apresentar uma projecção em diapositivos que explicavam o desenrolar deste processo, Manuel Frexes sublinhou que ainda não ouviu “um único argumento sólido” para justificar porque é que a Guarda e Castelo Branco não querem ficar juntos. “O que está por trás disto são coisas de outra natureza que as pessoas não se atrevem a dizer”, acrescentou. E apontou a “localização estratégica da Cova da Beira e a centralidade histórica das capitais de distrito” como motivos. Uma ideia repetida da direita à esquerda.
Abel Rodrigues salientou que este processo está a ser marcado pelas “guerras de poleiro de autarcas que continuam a olhar só para o seu umbigo”. Mas Alberto Almeida, da bancada eleita pela lista independente frisa que “dentro da Cova da Beira há também protagonismos”.