O ministro, Sevinate Pinto, garante uma rápida conclusão do processo
Cinco anos para estar finalizado
Ministro lança terceira fase do Regadio

Agora é de vez. Depois de décadas em atraso, o Regadio da Cova da Beira deverá estar pronto daqui a cinco anos. Pelo menos, assim garante o ministro da Agricultura que, no dia 1, formalizou o lançamento do concurso público para o terceiro Troço do Canal Condutor Geral.


Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi


O Regadio da Cova da Beira deverá ficar concluído em 2009. Depois de vários anos a desejar a conclusão deste projecto, as populações e os agricultores podem contar com esta garantia dada pelo ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Sevinate Pinto. O membro do Governo lançou, então, à margem da visita que efectuou às obras em curso do Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira, na segunda-feira, 1, o concurso público internacional para a construção do terceiro e último Troço do Canal Condutor Geral e do canal da Capinha, bem como da rede de rega do Sabugal. A empreitada do último troço do canal condutor geral vai ter uma extensão de 28 quilómetros e está orçamentado em mais de 25 milhões de euros. Por sua vez, o da rede de rega do bloco do Sabugal vai beneficiar de 130 hectares a jusante da Barragem do Sabugal, com um custo aproximado a 1,8 milhões de euros.
O Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira é um empreendimento de fins múltiplos que pretende beneficiar através do Regadio, cerca de 14 mil e 500 hectares na zona de Sabugal, Penamacor, Belmonte, Covilhã e Fundão. Vai permitir também o abastecimento público de água aos concelhos de Almeida, Pinhel, Penamacor, Fundão, Sabugal e ainda a produção de energia eléctrica. No total, o Regadio vai servir perto de seis mil explorações agrícolas de 27 freguesias, pertencentes a cinco concelhos dos distritos da Guarda e Castelo Branco.
“Venho aqui constatar a evolução das obras e assegurar que o lançamento de todas as empreitadas nos coloque segundo a lei de obras hidráulicas em Portugal”, sublinha o governante depois de ter iniciado a sua visita que começou pelo Estaleiro da obra. Tendo seguido para o Canal em construção, num percurso de cerca de seis quilómetros, o ministro teve a oportunidade de parar na entrada do túnel do Monte do Bispo, que permite a travessia desta população, e pelo circuito hidráulico de Sabugal-Meimoa. Assegurando que não haverá mais recuos neste empreendimento, Sevinate Pinto diz que é “preciso haver culturas e actividades que sejam sustentáveis do ponto de vista económico e ambiental”, já que, continua, “é um formidável instrumento de desenvolvimento da região”. No entanto, e por ser “um desafio que se coloca não só aos agricultores, mas também aos serviços”, sustenta que é necessário assumi-lo com “muito rigor e vontade”. Para o responsável, o Regadio “traz especialização” e, por conseguinte, “exige mais profissionalmente”. E apesar de afiançar que “vai mesmo concretizar-se”, o ministro espera que a obra “não venha a ser um elefante branco”. Por isso lembra aos agricultores que é preciso “coragem para enfrentar o mercado e tratar a concorrência”, de modo a, salienta, “sermos capazes de produzir produtos de qualidade nesta região”. Relativamente aos fundos garantidos para a conclusão do Regadio até 2009, o governante confessa que “o quadro financeiro onde Portugal trabalha, designadamente o de apoio comunitário, vai até 2006”. Daí para a frente, Sevinate está convicto de que não vai ser possível “a redução do apoio no novo quadro comunitário de apoio”. “Vai haver fundos, pelos menos das propostas da Comissão, no sentido de manter os fundos financeiros actuais”, justifica.

Uma “luz ao fundo do túnel”

Na cerimónia protocolar, que decorreu na Associação de Beneficiários da Cova da Beira, o presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica (IDRHA), adianta que já é possível ver “a luz ao fundo do túnel”. Carlos Mattamouros Resende anunciou ainda que “estão em curso a elaboração dos projectos de execução das redes secundárias do bloco Covilhã e Fundão, que vão permitir a rega de sete mil e 200 hectares a partir de 2006/2007”. De acordo com o presidente, estes investimentos totalizam 65 milhões de euros.
Presentes na cerimónia estiveram também os autarcas da Covilhã e Fundão. Carlos Pinto, autarca serrano, fez questão de demonstrar a sua satisfação para o arranque da conclusão do projecto e explicou que “não pode haver nenhum Governo com consciência tranquila sem investir nas potencialidades do Interior”. E fez um apelo à administração central no sentido de se aproveitarem ao máximo os recurso hídricos, designadamente com a construção das barragens que faltam fazer na Serra da Estrela. “A Câmara da Covilhã está empenhada para que isto seja levado a cabo e, ainda este ano, haverá notícias de consumação sobre este assunto”, conclui.
Por seu turno, Manuel Frexes entende que o Regadio “é um sinal de esperança para o Interior que vai contribuir para fixar população, mas também fazer regressar à terra os que a tinham abandonado por falta de expectativas”. Por isso, o autarca fundanense defende que tem que ser criado “um conjunto de instrumentos e projectos capazes de potencializarem toda a fileira de produção agrícola na área do Regadio”. Daí que na sua opinião, como termina, “a obra constitui um elemento fundamental de engrenagem que acciona o progresso regional e uma alavanca imprescindível para que a agricultura não constitua sinónimo de atraso e pobreza”.