O Regadio da Cova da Beira
deverá ficar concluído em 2009. Depois de
vários anos a desejar a conclusão deste projecto,
as populações e os agricultores podem contar
com esta garantia dada pelo ministro da Agricultura, Desenvolvimento
Rural e Pescas, Sevinate Pinto. O membro do Governo lançou,
então, à margem da visita que efectuou às
obras em curso do Aproveitamento Hidroagrícola da
Cova da Beira, na segunda-feira, 1, o concurso público
internacional para a construção do terceiro
e último Troço do Canal Condutor Geral e do
canal da Capinha, bem como da rede de rega do Sabugal. A
empreitada do último troço do canal condutor
geral vai ter uma extensão de 28 quilómetros
e está orçamentado em mais de 25 milhões
de euros. Por sua vez, o da rede de rega do bloco do Sabugal
vai beneficiar de 130 hectares a jusante da Barragem do
Sabugal, com um custo aproximado a 1,8 milhões de
euros.
O Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira é
um empreendimento de fins múltiplos que pretende
beneficiar através do Regadio, cerca de 14 mil e
500 hectares na zona de Sabugal, Penamacor, Belmonte, Covilhã
e Fundão. Vai permitir também o abastecimento
público de água aos concelhos de Almeida,
Pinhel, Penamacor, Fundão, Sabugal e ainda a produção
de energia eléctrica. No total, o Regadio vai servir
perto de seis mil explorações agrícolas
de 27 freguesias, pertencentes a cinco concelhos dos distritos
da Guarda e Castelo Branco.
“Venho aqui constatar a evolução das
obras e assegurar que o lançamento de todas as empreitadas
nos coloque segundo a lei de obras hidráulicas em
Portugal”, sublinha o governante depois de ter iniciado
a sua visita que começou pelo Estaleiro da obra.
Tendo seguido para o Canal em construção,
num percurso de cerca de seis quilómetros, o ministro
teve a oportunidade de parar na entrada do túnel
do Monte do Bispo, que permite a travessia desta população,
e pelo circuito hidráulico de Sabugal-Meimoa. Assegurando
que não haverá mais recuos neste empreendimento,
Sevinate Pinto diz que é “preciso haver culturas
e actividades que sejam sustentáveis do ponto de
vista económico e ambiental”, já que,
continua, “é um formidável instrumento
de desenvolvimento da região”. No entanto,
e por ser “um desafio que se coloca não só
aos agricultores, mas também aos serviços”,
sustenta que é necessário assumi-lo com “muito
rigor e vontade”. Para o responsável, o Regadio
“traz especialização” e, por conseguinte,
“exige mais profissionalmente”. E apesar de
afiançar que “vai mesmo concretizar-se”,
o ministro espera que a obra “não venha a ser
um elefante branco”. Por isso lembra aos agricultores
que é preciso “coragem para enfrentar o mercado
e tratar a concorrência”, de modo a, salienta,
“sermos capazes de produzir produtos de qualidade
nesta região”. Relativamente aos fundos garantidos
para a conclusão do Regadio até 2009, o governante
confessa que “o quadro financeiro onde Portugal trabalha,
designadamente o de apoio comunitário, vai até
2006”. Daí para a frente, Sevinate está
convicto de que não vai ser possível “a
redução do apoio no novo quadro comunitário
de apoio”. “Vai haver fundos, pelos menos das
propostas da Comissão, no sentido de manter os fundos
financeiros actuais”, justifica. Uma “luz
ao fundo do túnel”
Na cerimónia protocolar, que decorreu na Associação
de Beneficiários da Cova da Beira, o presidente
do Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica
(IDRHA), adianta que já é possível
ver “a luz ao fundo do túnel”. Carlos
Mattamouros Resende anunciou ainda que “estão
em curso a elaboração dos projectos de execução
das redes secundárias do bloco Covilhã e
Fundão, que vão permitir a rega de sete
mil e 200 hectares a partir de 2006/2007”. De acordo
com o presidente, estes investimentos totalizam 65 milhões
de euros.
Presentes na cerimónia estiveram também
os autarcas da Covilhã e Fundão. Carlos
Pinto, autarca serrano, fez questão de demonstrar
a sua satisfação para o arranque da conclusão
do projecto e explicou que “não pode haver
nenhum Governo com consciência tranquila sem investir
nas potencialidades do Interior”. E fez um apelo
à administração central no sentido
de se aproveitarem ao máximo os recurso hídricos,
designadamente com a construção das barragens
que faltam fazer na Serra da Estrela. “A Câmara
da Covilhã está empenhada para que isto
seja levado a cabo e, ainda este ano, haverá notícias
de consumação sobre este assunto”,
conclui.
Por seu turno, Manuel Frexes entende que o Regadio “é
um sinal de esperança para o Interior que vai contribuir
para fixar população, mas também
fazer regressar à terra os que a tinham abandonado
por falta de expectativas”. Por isso, o autarca
fundanense defende que tem que ser criado “um conjunto
de instrumentos e projectos capazes de potencializarem
toda a fileira de produção agrícola
na área do Regadio”. Daí que na sua
opinião, como termina, “a obra constitui
um elemento fundamental de engrenagem que acciona o progresso
regional e uma alavanca imprescindível para que
a agricultura não constitua sinónimo de
atraso e pobreza”.
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