Colóquio
"Turismo necessita profissionais"
Reflectir sobre os
trajectos da Covilhã e pensar o seu futuro foi
o tom dominante do colóquio “(Retro)Perspectivas
da “Manchester” para onde?”, que teve
lugar na Secundária Campos Melo (E.S.C.M.). Segundo
alguns oradores, a Serra tem potencial, mas o turismo
tem que ser vendido "profissionalmente".
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Andreia Reis
NC / Urbi et Orbi
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Reflectir interdisciplinadamente sobre os trajectos da
Covilhã e encontrar possíveis e melhores
formas de perspectivar o seu futuro foi o tom dominante
do colóquio “(Retro)Perspectivas da “Manchester”
para onde?”, que teve lugar na sexta-feira, 20,
no auditório da Escola Secundária Campos
Melo (E.S.C.M.).
A iniciativa contou com a presença de Domingos
Vaz, professor de Sociologia na UBI que defendeu que a
ideia de cidade média "não está
dependente da dimensão populacional da cidade”,
afirma, mas “da função de intermediação
para potenciar, em termos de cidade, qualidade para viver
e atrair visitantes”. Assim, no seu entender, considera
que a Covilhã “cabe neste conceito, por ser
actualmente caracterizada por atrair gente dos espaços
rurais, cujo desenvolvimento também deve partir
das cidades”.
Na opinião do sociólogo, falar de desenvolvimento
no Interior do País, implica falar de cidades médias,
já que “concentram um quarto da população
do País”. “Na região em que
vivemos e nas áreas envolventes, estas cidades,
nomeadamente a Covilhã, são importantes
porque aí se concentram as infra-estruturas, os
serviços essenciais para melhorar a qualidade de
vida e o desempenho das empresas”. Por isso, diz
que “estas cidades deverão ser encaradas
como âncoras de oportunidade, de coesão económica,
social e territorial”.
Para o docente na UBI, este é um ponto de debate
que poderá perspectivar um futuro que “deve
ser trabalhado em termos das instituições
políticas, económicas, públicas e
privadas existentes da cidade”.
“Não é
só a neve que vende a Serra”
Pedro Guedes de Carvalho, professor de Economia na UBI,
foi outro convidado para partilhar a sua perspectiva de
um futuro melhor para a região. Segundo ele, já
que a Serra é um dos principais trunfos da cidade,
é à sua volta que se deve apostar. “Não
é só a neve que vende a Serra, há
outras medidas por trás que precisamos de estudar”.
Por “estarmos entre Lisboa, Porto e Madrid”,
o economista considera a “Serra da Estrela como
um centro nevrálgico para a inovação”.
Isto é, “a inovação como sustento,
a cultura e o lazer”, para além da “qualidade
de vida e atracção/fixação
de jovens”. Quanto ao turismo, realça que
para o ser, “tem que ser vendido profissionalmente”.
Na sua opinião, aquilo que a Covilhã precisa
“é de mais ordenamento”, ou seja, o
crescimento que se denota na Covilhã, a seu ver,
“está a ser desordenado”, já
que “a qualidade dos planos urbanísticos
é claramente fraca e não é uma coisa
sustentável”. E conclui mesmo que “daqui
a uns anos vamos ter de destruir algumas coisas que hoje
estão a ser construídas sob pena de não
termos qualidade”. Assim, defende, “é
preciso uma participação do debate das várias
pessoas”.
Atrair jovens para os
têxteis
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Têxteis,
Luís Garra, veio ilucidar que “Os têxteis
no Interior ainda têm futuro”. Apesar de estar
consciente que os têxteis de hoje não iguais
àqueles de há 15 anos atrás, o que
importa “é que a riqueza criada seja mais
bem distribuída”. Para Garra, medidas têm
que ser tomadas para chamar os jovens para o sector. Pelo
que fez um apelo aos empresários para terem a percepção
de que “o êxito está dependente da
capacidade para ultrapassar o padrão de desenvolvimento
assente em mais salários para ascender um patamar
mais qualificado e dignificado”.
Sobre as perspectivas para o futuro, acredita que "os
têxteis continuarão a ser uma sector incontornável
para o concelho da Covilhã e para a região”.
Porém, frisa que “é preciso diversificar
as actividades económicas, pensar o turismo e as
indústrias agro-alimentares”. Pelo que, conclui,
“é um erro pensar a Covilhã de só
uma indústria”.
O colóquio terminou com “O futuro –
perspectivas empresariais para a Cova da Beira”
com João Carvalho, presidente da Associação
Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP).
Cultura e economia são, este respponsável,
áreas que, quando bem trabalhadas, podem perspectivar
um bom futuro.
No caso da Cova da Beira, vê as acessibilidades,
o aeródromo, a capital de turismo e o desenvolvimento
empresarial como os principais problemas. “Ainda
estamos longe de ver a estrada do IC6 à vista e
o aeródromo bem feito, era algo que se punha a
funcionar sem grandes dificuldades, podendo-se fazer voos
de Lisboa-Covilhã em meia-hora”.
Para além disto, classifica a agricultura, a indústria
e o comércio como grandes potenciais mal aproveitados.
“Temos o comércio obsoleto, tal como os comerciantes”,
declara. “Esta gente ainda não entendeu que
as coisas mudaram”, alerta. Assim, uma solução
passa, explica, por, “fazer o estudo do mercado,
saber qual o produto que queremos e que podemos vender,
e o seu custo industrial”.
Segundo o engenheiro, “a produção
da região tem que ter flexibilidade, viabilidade,
qualidade e design”. E conclui: “Ou atingimos
a nossa realidade circundante ou morremos todos”.
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