Por Catarina Rodrigues


Pedro Calafate e Antonieta Garcia falaram sobre o conhecido médico

“António Ribeiro Sanches – Um iluminista entre Portugal e a Rússia do século XVIII (1699-1783)” é o título da exposição patente na Biblioteca Central da UBI até ao próximo dia 5 de Março. A iniciativa organizada pela Faculdade de Ciências da Saúde, arrancou no passado dia 18 com uma palestra subordinada ao mesmo tema. Pedro Calafate, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Pereira de Almeida e Antonieta Garcia, docentes na UBI, foram os oradores convidados.
Com base na exposição, Calafate começou por fazer “uma viagem” pela vida e obra de Ribeiro Sanches, que nasceu em Penamacor a 7 de Março de 1699. Estudou na Universidade de Coimbra e doutorou-se em Medicina na Universidade de Salamanca. Como recorda Antonieta Garcia “este iluminista sempre foi muito crítico em relação ao ensino em Portugal, nomeadamente o ensino em medicina”. Saiu do nosso país porque era perseguido pela inquisição. Passou por países como Itália e Holanda, mas acabou por se fixar na Rússia, onde foi médico da corte e dos exércitos imperiais.
Mas para além de médico, Ribeiro Sanches foi também um cientista e pedagogo. Como diz Antonieta Garcia “ele sempre demonstrou interesse pela ciência e pelo progresso e um gosto pelos clássicos”.
“Método para aprender a estudar a Medicina” e “Cartas sobre a educação da mocidade” foram duas das mais importantes obras do iluminista português que influenciaram os estatutos da Universidade de Coimbra, especialmente a reforma do curso de medicina. Ribeiro Sanches foi ainda autor do “Tratado de conservação de saúde dos povos” e do “Tratado sobre os banhos de vapor da Rússia”, que via como um tratamento eficaz para várias doenças.
Na exposição está patente a importância que Portugal e Rússia tiveram na vida de Sanches apesar de ele ter acabado por fugir dos dois países, de Portugal por causa da inquisição e da Rússia devido à corte czarista. Ribeiro Sanches foi acusado de nunca ter renunciado ao judaísmo. No entanto, em relação à Rússia, Sanches nutria um carinho especial visível pela frase “gosto tanto da Rússia quanto lhe devo, e devo-lhe tudo o que tenho, tudo o que possuo e tudo o que sou”.
O iluminista acabou por se radicar em França onde veio a falecer em 1783. A sua obra contribuiu para dar a conhecer, em Portugal, a cultura europeia contemporânea. Antonieta Garcia considera mesmo que algumas ideias de Sanches continuam actuais e “muito podemos aprender com o seu pensamento”.
Na palestra foi ainda abordado o método de aprendizagem em vigor na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, que funciona com um modelo inovador de ensino, apoiado nas novas tecnologias e numa componente prática. Trata-se de um modelo centrado no estudante que tem um papel activo na aprendizagem. Um método que faz lembrar algumas ideias defendidas por Ribeiro Sanches. A criação de um centro para investigar a medicina na Beira Interior foi apontada como um passo importante que deve ser dado de forma a aprofundar os estudos nesta área, que continuam por explorar.