O primeiro vinho “kosher”
produzido em Portugal em 500 anos chama-se “Terras
de Belmonte” e é feito na Adega Cooperativa
da Covilhã
Rogério Mendes, consultor e agente da Adega para
o mercado de todo o continente americano, liderou o projecto
de uma comunidade judaica portuguesa nos Estados Unidos
da América (EUA) e acompanhou de perto o processo
de preparação do “Terras de Belmonte”,
o novo vinho da Adega Cooperativa da Covilhã, apresentado
no passado domingo, 22.
“Por ser português e judeu é com muito
orgulho que tenho a possibilidade de levar um pouco da
comunidade judaica portuguesa ao Mundo”, explica
Rogério Mendes.
O grosso da produção destina-se a exportação.
Cerca de 12 mil garrafas do vinho “Terras de Belmonte”
já foram vendidas para os EUA, segundo fontes da
Adega.
O vinho “kosher”, na sua essência é
um vinho semelhante a todos os outros, mas tem uma particularidade
que o distingue. Todo o processo de fabricação
apenas pode envolver indivíduos judeus e requer
uma maior higienização, só podendo
ser, desta forma, cerificado. A entidade que certifica
que o “Terras de Belmonte” é produzido
com as normas judaicas é a União Ortodoxa,
o principal organismo de certificação “kosher”
a nível mundial.
O rabino de Belmonte, Elisha Salas, recorda que a preparação
do vinho “kosher” nacional “foi um processo
muito difícil”, porque a Adega da Covilhã
“não tinha conhecimento de todos os trâmites
da fabricação do vinho”.
Já Amândio Melo, presidente da Câmara
de Belmonte, fica feliz em ajudar a criar “um vinho
que não tem rival na Península Ibérica”,
lembrando que é “um projecto de interesse
cultural e turístico que pode ter um enorme impacto
económico” na região.
O autarca aproveitou para anunciar a preparação
em curso de um museu do judaísmo em Belmonte “para
se poder mostrar de forma organizada a tradição
judaica no País”.
Uma instituição envolvida neste processo
é a Região de Turismo da Serra da Estrela
(RTSE). Jorge Patrão, presidente da RTSE, chegou
a deslocar-se aos EUA para preparar a exportação.
“Quando cheguei à RTSE há 5 anos,
sabia que a identidade própria é uma forma
de se reforçar o turismo e sendo o judaísmo
uma fonte da identidade da Beira Interior é natural
que a RTSE se tenha unido a esta iniciativa”, refere.
Uma garrafa de “Terras de Belmonte” vai custar
8 euros e meio. A sua venda será acessível
a todos, mas só será comercializado na loja
da adega covilhanense ou em locais seleccionados, como
o “El Corte Ingles”, que possui uma secção
de produtos “kosher”. “Este não
vai ser um produto massificado”, esclarece Rui Moreira,
presidente da Adega.
Um facto curioso contado durante a cerimónia foi
a de que a primeira congregação de judeus
a chegar aos EUA, em 1654, era de origem portuguesa, que
se fixaram na actual região de Nova Iorque.
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