Por
Alexandre S. Silva
Aí estava o disco que faltava na extensa
biografia de uma das mais emblemáticas
bandas do rock alternativo dos anos 90. “Lost
Dogs” não é um disco de originais.
Mas também não é apenas uma
registo de raridades e lados B, como vem apregoado
na capa do dito. É, muito provavelmente,
o trabalho mais esperado do colectivo que, após
o arranque dado por “Nervermind” –
para todos os efeitos o melhor álbum da
década -, dos Nirvana, mais longe levou
o nome de Seattle.
No seu auge, entre as edições de
“Ten” (1991) e “Vitalogy”
(1994) a banda liderada por Eddie Vedder foi a
“maior do mundo” na cena rock. Depois,
decidiu seguir o caminho mais longo. Tentou contornar
a fama e fazer o que lhe apetecia e não
o que dela se esperava. De “maior banda
rock” passou, deliberadamente, a ser a “maior
banda rock de culto”.
“Lost Dogs”, trás de volta
os primeiros Pearl Jam: os de “Jeremy”,
“Alive”, “Even Flow”,
“Dissident” e “Daughter”.
Os Pearl Jam que dominaram o mundo. Os Pearl Jam
sem grandes preocupações estéticas.
Que cantavam olhos-nos-olhos com a plateia. Que
encaravam cada concerto como uma missão
para salvar a humanidade.
Aqui está tudo o que de essencial ficou
de fora dos anteriores álbuns. Até
o mítico “Yellow Ledbetter”,
antes só possível ouvir em concertos
e edições pirata. As músicas
também não estão ordenadas
cronologicamente. E isto é bom. Porque
apesar de terem “idades” diferentes,
soam todas à mesma época dourada.
Por tudo isto e muito mais, “Lost Dogs”
é, contra todas as expectativas, o melhor
álbum dos Pearl Jam.