Adriana Moreira*

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Quantos minutos nós levaríamos para responder a esta questão num processo corriqueiro frente ao PC? Dar cabo de um arquivo implica escolhas que para os miúdos pode gerar uma graça do tipo: “Descontrai, é só clicar yes, yes, yes, e pronto, tá instalado”.

“Nós”... Vale citar que cheguei à triste constatação de que pertenço à chamada Geração da Terra-de-Ninguém” (nascida entre 1965 e 1976) a qual, aparentemente, não teve projecto e se vê hoje dilacerada nas escolhas. Somos a geração de transição. Assisti a tudo isso e continuo pertencendo à geração de transição.

Assistir às experiências bem sucedidas como o Urbi@Orbi traz a mim, um exemplar da Geração Terra-de-Ninguém, boas lembranças da minha época de estudante do curso de Jornalismo quando, ainda na Universidade Católica de Pernambuco (1998), no meu longínquo Recife - Brasil, trabalhava para o projeto piloto do Jornal Unicap – o nosso JU. Não vou desmanchar-me em lágrimas ou queixas, mas era duro o trabalho de repórter. Os jornais eram impressos um a um, frente e verso, numa HP 890 – um luxo que conquistamos no decorrer dos resultados.

Após quase dois anos de convivência com os heróis que levam o Urbi adiante, pude perceber que a tecnologia é indiferente, aliás, apenas meio. O trabalho realizado por alunos é de todo aproveitado, editado, corrigido e bem vindo. Mais do que aproveitamento de refugo de informação, é o treinamento ideal para futuros comunicadores. E qual será a percepção desta Geração Net (para citar Don Tapscott em seu “Growing Up Digital – The Rise of the Net Generation”) em relação à real responsabilidade de ter seu nome online, uma matéria sua, um trabalho realizado. Será que os alunos/repórteres ainda recortam/imprimem as matérias e as guardam como tesouros do tipo “Minha primeira reportagem” ?. Não creio... Afinal, o Urbi agora reina em base de dados. E já estou eu a bancar a rancorosa e preocupada com minhas toneladas de papéis carinhosamente chamados de “Gillete Press”, com reportagens, matérias, notas de rodapé e tudo o que trouxesse o nome de Adriana Moreira – repórter.

Novamente não vou me ater ao discurso romântico e saudoso do jornalismo impresso, mesmo porque o papel não morre, apenas rasga. Sou a transição, lembra-se? Já fui Chefe de Redação, também já fui Coordenadora de Conteúdos e me orgulho muito de ver estudantes a realizar, por quatro anos consecutivos (e ininterruptos), um trabalho baseado em confiança, oportunidade e qualidade. O tempo é breve e a transição é necessária. O que virá depois?

*bolseira científica no Labcom