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Um laboratório
meritório que precisa de mais garra
Quando entrei na UBI o curso de Ciências
da Comunicação já tinha repensado
as directrizes com que o projecto tinha tido início,
então com a designação de Comunicação
Social, como os mais distraídos ainda insistem
em identificar o curso. No fundo, uma resposta à
necessidade premente de adequar conteúdos leccionados
ao mundo real. Nessa altura, que correspondeu ao último
ano de aulas no pólo Ernesto Cruz, estava também
em curso uma nova mudança, que se viria a revelar
um passo em frente na forma como esta licenciatura era
encarada.
O arranque das emissões da Tubi e o posterior lançamento
do Urbi et Orbi vieram mostrar que afinal se estava atento,
que havia vontade de evoluir, de possibilitar aos alunos
o acesso a novos métodos de aprendizagem, ainda
que em parte extra-curriculares. Esses momentos vieram
também dar alguma esperança à grande
maioria que entendia haver demasiada teoria, comparando
com as cadeiras do currículo que requeriam uma
componente prática. Um receio, justificado -digo
eu- de quem tem noção que numa redacção
a cultura geral, o background, são importantes
mas não são tudo.
Quatro anos depois, quando saí, vi o curso entrar
num novo ciclo, que procura ir mais de encontro a essa
filosofia, de complementaridade. De saber e saber fazer.
Quanto ao Urbi, tem desempenhado e penso que tem condições
para continuar a desempenhar um papel importante nesse
sentido, de pôr em prática alguns conhecimentos
adquiridos.
No entanto, no meu entender, o jornal on-line que pretende
chegar à comunidade ubiana, à cidade e ao
resto do mundo, tem sido uma iniciativa válida
e de louvar, um bom laboratório, mas que não
é devidamente rentabilizado.
A UBI tem aquele que é provavelmente o mais bem
equipado curso de Ciências da Comunicação.
Mas isso não basta. É possível ter
outras aspirações e, em vez de acenarmos
sempre com isso, penso que traria mais vantagens ter sempre
presente que não nos devemos comparar com os piores,
mas sim procurar ir mais além e proporcionar um
ensino de maior qualidade aos alunos. Algo que terá
de passar, em grande parte, por ter sempre presente o
que exige o mercado de trabalho e preparar os alunos nesse
sentido.
E penso que neste capítulo, na generalidade, isso
não acontece. Claro que a iniciativa de cada um
é importante, mas cabe também aos professores
da área fomentarem essa participação
activa nos laboratórios existentes e darem um maior
contributo para a formação daqueles que
pretendem vir a ser futuros profissionais da comunicação.
Uma das suas prioridades deve ser tornar o funcionamento
desses laboratórios um espelho o mais fiel possível
da realidade, para que, como continua a acontecer, os
licenciados não continuem a ter grandes surpresas
quando chegam a uma redacção.
Em meu entender todos teriam a ganhar se os alunos fossem
incentivados a tratar de temas mais diversificados, em
vez das habituais notícias de exposições
e peças de teatro que constam da agenda ou dos
assuntos tratados nos poucos trabalhos de fundo que são
pedidos ao longo do semestre e já na recta final
do curso. Acho que outro dos aspectos que julgo ser possível
melhorar é pôr mais cedo os alunos em contacto
com o Urbi, sem imposições relativamente
à altura em que se pode começar a colaborar,
ao invés do que se faz actualmente. Para além
disso parece-me também imprescindível responsabillizar
mais os alunos nas cadeiras com uma vertente prática.
Atribuir-lhe um número razoável de trabalhos
para que fiquem com um mínimo de preparação
e fazê-los deslocar-se mais vezes aos sítios
onde se dá o acontecimento. Não só
para ganhar alguma prática como também para
ir fazendo contactos e ficar com uma ideia mais real de
como se trabalha.
Para além disso penso que o Urbi @ Orbi tem desempenhado
um papel meritório e teve importância para
todos aqueles que por lá passaram. Agora, com a
edição em papel, que lhe veio dar mais visibilidade,
talvez se venha a verificar um maior entusiasmo para continuar
a melhorar este projecto.
Quatro anos depois, pela inovação e pela
ideia que lhe está subjacente, o Urbi está
de parabéns, assim como aqueles que com ele colaboraram
e os que já passaram pela coordenação
do projecto. Mas não se pode ter o objectivo redutor
de querer ficar por aqui.
*Jornalista do Notícias
da Covilhã
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