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Onde param os “Urbi-jornalistas”?
Há dez anos atrás,
quando, em mais um lote de “caloiros fresquinhos”,
entrei na UBI, ainda não havia Internet. Pelo menos,
como a conhecemos hoje. A sua dimensão era, então,
muito limitada, e o acesso quase restrito. Não
se concebia sequer, a não ser, talvez, na mente
de um qualquer visionário, uma publicação
de circulação on-line acessível de
qualquer parte do Globo. Nem, tampouco, se equacionava
um jornal universitário com estas características.
Há dez anos atrás, não havia publicações
regulares, nem rádio, nem televisão abertos
à colaboração de quem quisesse participar.
E eram tantos os que queriam. Nesse tempo apenas existiam
o CREA, inacessível a grande maioria dos alunos,
e o Beira Interior (mais tarde B.I. e, depois, Beira IN),
um jornal alimentado por artigos de professores e alunos
de Ciências da Comunicação que sofria
de pouca divulgação e periodicidade demasiado
irregular. A vontade de fazer alguma coisa na área
da edição era tanta que alguns alunos, perante
a falta de meios da Universidade, decidiram arregaçar
as mangas e fazer as suas próprias publicações
em formato “fanzine”. Surgiram, então,
títulos como a “Pangea”, a “Especimen
Censurado” e, mais tarde, a “Co-existir”,
que ainda subsiste. A qualidade dos artigos era, no mínimo,
duvidosa. Mas isso não era o mais importante. O
que interessava era participar. Havia iniciativa, vontade
de mudar e de trabalhar. De expor ideias. De estreitar
os laços entre a UBI e a cidade. O meio pelo qual
isso fosse possível era indiferente.
Dez anos volvidos a situação, parece-me,
inverteu-se. Hoje a UBI proporciona aos seus alunos -
neste caso aos de Comunicação – condições
fantásticas para o desenvolvimento de actividades
na área dos media, mas parece já não
haver interessados. Impera a mentalidade do “deixa
andar” e do “quero lá saber”.
A participação passou de necessidade natural
de expressão a obrigação de cumprir
um trabalho para obter uma nota no final do semestre.
O Urbi @ Orbi é um excelente meio de iniciação
ao jornalismo. Um meio como a Universidade nunca teve
e que merecia ser mais acarinhado pelos estudantes do
curso. A “euforia” dos três primeiros
anos parece ter-se esgotado neste último. E, a
não ser em situações pontuais, que
coincidiram com actividades relacionadas com a vida académica,
não mais se viram, como chegou a ser habitual,
“Urbi-jornalistas” na Cidade, nem na Região
e, muito menos, no Resto. Convém, talvez, recordar
aos alunos de Comunicação que alguns colegas
seus que iniciaram a actividade no semanário digital
são, hoje, respeitados jornalistas da imprensa
regional e nacional. E ainda só passaram quatro
anos.
*Jornalista do Notícias da Covilhã
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