Adão e Silva (à esquerda) junto a Santos Silva, reitor da UBI
Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde visita a UBI
"É fundamental criar pós-graduações em Medicina na região", adverte Adão e Silva

A convite do Reitor, Santos Silva, Adão e Silva esteve na Universidade da Beira Interior para preparar reunião com Ordem dos Médicos e Conselho de Internatos Médicos.


Por Daniel Sousa e Silva


Adão e Silva, secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, visitou a UBI, na passada sexta feira, 30, com o objectivo de se preparar uma reunião par se conseguir “maiores capacidades formativas” para as unidades de saúde da Beira Interior.
“O Ministério da Saúde constatou que a formação do médico tem muito a ver com a formação das universidades, a formação inicial, mas também com a formação pós-graduada. A formação complementar decorre nos centros de saúde e hospitais e faz-se quando existem nas instituições as chamadas capacidades formativas. Existem poucas instituições de saúde na Beira Interior com capacidades formativas capazes de acolher os jovens após a sua formação universitária”. É deste forma que Adão e Silva justifica a necessidade de diálogo com a Ordem dos Médicos (OM) e com uma estrutura designada de Conselho dos Internatos Médicos para que sejam criadas mais capacidades formativas nos hospitais e centro de saúde da região.
A reunião com a Ordem dos Médicos é “uma prioridade”, porque a atribuição de capacidades formativas é decidida em articulação entre a OM e o Ministério da Saúde. Só haverá mais capacidades formativas se a OM estiver de acordo. O que já foi acertado durante a visita de Adão e Silva à UBI é que “proximamente vai haver uma reunião com a OM”. Neste encontro vai estar presente o Reitor da UBI, os responsáveis da FCS, os directores dos três hospitais da região, os dois coordenadores da Guarda e Castelo Branco, o presidente da Região de Saúde do Centro e o presidente do Conselho de Internatos Médicos. “Vamos estar lá todos para que esta matéria se defina já.”


Mais médicos na Beira Interior

A ideia é que “os jovens que se formam na UBI não partam para outras terras mais distantes para poder fazer o seu internato médico”, correndo o risco de se “voltar um pouco ao princípio”, porque se “vai perder os recursos humanos que já estão fixados”.
”Em Lisboa, Porto e Coimbra não faltam médicos”, lembra. A razão apontada por Adão e Silva é que, nestas áreas, os médicos podem fazer a licenciatura, com formação interna, e, em seguida, a formação complementar. “É imprescindível que este ciclo também fique fechado aqui”.
Adão e Silva acredita que “com a continuidade da formação universitária, mais escolar, e da formação interna, mais prática, na região, há uma maior probabilidade para que os jovens se integrem e continuem nas unidades de saúde” da Beira Interior.
Dando um exemplo concreto, o do Centro Hospital da Cova da Beira, o secretário de Estado mostra o estado actual. “Este hospital tem, de momento, apenas três capacidades formativas. Só pode aceitar três jovens médicos a fazer internato complementar na área da medicina interna, mas o hospital tem uma equipa de médicos, como seja, por exemplo, em Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia ou Ortopedia” que poderiam ser empossados de capacidades formativas.
Mais de 80 por cento dos alunos de Medicina da UBI são de fora da Beira Interior. “Nós temos de os cativar a ficar por cá depois de terminada a licenciatura. Se houver um leque mais abrangente de capacidades formativas, seguramente que muitos vão querer ficar”, assegura.

Visita à FCS

O secretário de Estado ficou com uma “excelente impressão da FCS”. “Constato que há aqui uma metodologia muito diferente e desafiante que tem a ver a formação dos médicos desta faculdade”, afirma. Adão e Silva destaca “o trabalho em equipa”.uma vez que no seu entender “agora não há actos médicos que não se façam numa lógica de equipa, por isso é importante que o médico, ao longo da sua formação se vá apercebendo disto”. Por outro lado, o secretário gostou do método de auto-aprendizagem aplicado na licenciatura em Medicina. “Na FCS não se aplica a lógica do saber “sebenteiro”, em que o aluno é apenas um vaso receptor. E é importante que assim seja, porque o médico, na sua vida profissional, deve ter este sentido de pesquisa, de demanda do saber”.
Adão e Silva encara como “fulcral”a ligação entre a instrução dada na FCS e os serviços de saúde que a apoiam. “A partir do terceiro ano da licenciatura em Medicina e nos anos seguintes, os alunos passam mais tempo na unidades de saúde do que na FCS. É uma situação que considero notável”, conclui.