Adão e Silva, secretário
de Estado Adjunto do ministro da Saúde, visitou a
UBI, na passada sexta feira, 30, com o objectivo de se preparar
uma reunião par se conseguir “maiores capacidades
formativas” para as unidades de saúde da Beira
Interior.
“O Ministério da Saúde constatou que
a formação do médico tem muito a ver
com a formação das universidades, a formação
inicial, mas também com a formação
pós-graduada. A formação complementar
decorre nos centros de saúde e hospitais e faz-se
quando existem nas instituições as chamadas
capacidades formativas. Existem poucas instituições
de saúde na Beira Interior com capacidades formativas
capazes de acolher os jovens após a sua formação
universitária”. É deste forma que Adão
e Silva justifica a necessidade de diálogo com a
Ordem dos Médicos (OM) e com uma estrutura designada
de Conselho dos Internatos Médicos para que sejam
criadas mais capacidades formativas nos hospitais e centro
de saúde da região.
A reunião com a Ordem dos Médicos é
“uma prioridade”, porque a atribuição
de capacidades formativas é decidida em articulação
entre a OM e o Ministério da Saúde. Só
haverá mais capacidades formativas se a OM estiver
de acordo. O que já foi acertado durante a visita
de Adão e Silva à UBI é que “proximamente
vai haver uma reunião com a OM”. Neste encontro
vai estar presente o Reitor da UBI, os responsáveis
da FCS, os directores dos três hospitais da região,
os dois coordenadores da Guarda e Castelo Branco, o presidente
da Região de Saúde do Centro e o presidente
do Conselho de Internatos Médicos. “Vamos estar
lá todos para que esta matéria se defina já.”
Mais médicos na Beira Interior
A ideia é que “os jovens que se formam na
UBI não partam para outras terras mais distantes
para poder fazer o seu internato médico”,
correndo o risco de se “voltar um pouco ao princípio”,
porque se “vai perder os recursos humanos que já
estão fixados”.
”Em Lisboa, Porto e Coimbra não faltam médicos”,
lembra. A razão apontada por Adão e Silva
é que, nestas áreas, os médicos podem
fazer a licenciatura, com formação interna,
e, em seguida, a formação complementar.
“É imprescindível que este ciclo também
fique fechado aqui”.
Adão e Silva acredita que “com a continuidade
da formação universitária, mais escolar,
e da formação interna, mais prática,
na região, há uma maior probabilidade para
que os jovens se integrem e continuem nas unidades de
saúde” da Beira Interior.
Dando um exemplo concreto, o do Centro Hospital da Cova
da Beira, o secretário de Estado mostra o estado
actual. “Este hospital tem, de momento, apenas três
capacidades formativas. Só pode aceitar três
jovens médicos a fazer internato complementar na
área da medicina interna, mas o hospital tem uma
equipa de médicos, como seja, por exemplo, em Pediatria,
Ginecologia e Obstetrícia ou Ortopedia” que
poderiam ser empossados de capacidades formativas.
Mais de 80 por cento dos alunos de Medicina da UBI são
de fora da Beira Interior. “Nós temos de
os cativar a ficar por cá depois de terminada a
licenciatura. Se houver um leque mais abrangente de capacidades
formativas, seguramente que muitos vão querer ficar”,
assegura.
Visita à FCS
O secretário de Estado ficou com uma “excelente
impressão da FCS”. “Constato que há
aqui uma metodologia muito diferente e desafiante que
tem a ver a formação dos médicos
desta faculdade”, afirma. Adão e Silva destaca
“o trabalho em equipa”.uma vez que no seu
entender “agora não há actos médicos
que não se façam numa lógica de equipa,
por isso é importante que o médico, ao longo
da sua formação se vá apercebendo
disto”. Por outro lado, o secretário gostou
do método de auto-aprendizagem aplicado na licenciatura
em Medicina. “Na FCS não se aplica a lógica
do saber “sebenteiro”, em que o aluno é
apenas um vaso receptor. E é importante que assim
seja, porque o médico, na sua vida profissional,
deve ter este sentido de pesquisa, de demanda do saber”.
Adão e Silva encara como “fulcral”a
ligação entre a instrução
dada na FCS e os serviços de saúde que a
apoiam. “A partir do terceiro ano da licenciatura
em Medicina e nos anos seguintes, os alunos passam mais
tempo na unidades de saúde do que na FCS. É
uma situação que considero notável”,
conclui.
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