Carvalho da Silva respondeu a todas as dúvidas dos mais de 150 professores presentes
SPZC organiza encontros formativos
“Demónio da iliteracia” paira sobre Matemática

A educação da matemática em todos os graus de ensino foi o tema dos Encontros Formativos.


Por Daniel Sousa e Silva


Jaime Carvalho da Silva, docente de Matemática da Universidade de Coimbra, esteve na UBI, ontem, segunda feira, a convite do Sindicato dos Professores da Zona Centro, para falar sobre o ensino da matemática.
O docente do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra falou sobre “A eterna luta da Educação Matemática contra o Demónio da Iliteracia”, não pretendendo “dar qualquer tipo de esclarecimento”. O seu objectivo principal é “deixar pistas para reflexão”.
Carvalho da Silva usa a expressão “demónio da iliteracia”, uma expressão usada pela primeira vez pelo astrónomo e investigador cientifico Carl Sagan, no sentido de “demónio da ignorância, que ataca quando nos deparamos com situações e não se tem as ferramentas adequadas”, refere o docente.
O orador admite ter “copiado” a ideia de Sagan para demonstrar a importância do ensino da matemática no mundo de hoje. “Como se sabe a disciplina tem um enorme insucesso, por isso é preciso fazer-se alguma coisa”, incita .
O exemplo que Carvalho da Silva utiliza para revelar a conjuntura nacional é o de estudos internacionais, que “revelam problemas concretos de resolução de problemas em Portugal, nomeadamente na geometria, em problemas em lidar com figuras e objectos”. Em situações em que é preciso recolher dados para se resolver problemas, “os alunos não o conseguem fazer”, lamenta. Isto deve-se, segundo o docente, ao facto da geometria, enquanto resolução de actividades, “estar praticamente ausente da escola portuguesa”. Carvalho da Silva considera ser urgente um “grande investimento” nesta área.
”Pretende-se que os alunos sejam capazes de usar mais a matemática no dia-a-dia”, anseia, lembrando, que “a iliteracia não se refere apenas ao conhecimento, mas também à capacidade de usar esse conhecimento em situações práticas”.

Encontros, para quê?


O propósito do encontro de ontem “tem a ver com o lançamento, há cerca de um mês, do relatório da Comissão para a Promoção da Matemática e das Ciências e das constantes questões que são feitas junto do SPZC por educadores e professores”, explica Carlos Costa, do SPZC. Os resultados medíocres das provas de aferição de matemática do ano 2002, recentemente conhecidos são mais uma razão deixada por Carlos Costa para a realização dos Encontros.
O sindicalista acrescenta que, para se avaliar os problemas que estão a acontecer, se faz periodicamente “uma espécie de sondagem junto das mais de três centenas de educadores e professores do distrito”.

Novas instalações

O dia também foi de inauguração para a subdelegação do SPZC – Covilhã. O sindicato conta a partir de ontem com novas instalações na cidade da Covilhã, no n.º. 34, da Rua Mateus Fernandes.
“Conseguiu-se encontrar um espaço que vai ao encontro das nossas expectativas, mais amplo e com melhores condições em relação às anteriores instalações”, descreve Carlos Costa. O horário de funcionamento ao público mantém-se das 9h às 12h30 e das 14h às 18h.
Os Encontros Formativo continuam no dia 9 de Fevereiro, também na UBI, com o tema “O efeito dos concursos na vida pessoal e profissional dos docentes”, e a 8 de Março, no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), João Pires da Escola Superior de Saúde do IPCB vai falar sobre “Ansiedade, esgotamento emocional e suas consequências no desempenho da actividade docente”.