José Geraldes
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IC6
só em auto-estrada
Se se tratasse do Litoral ou das cinturas de Lisboa ou
Porto, tudo avançaria sem problemas
O NC, na semana passada,
publicou uma extensa e esclarecedora reportagem sobre
o tão falado IC6, ligação em perfil
de auto-
-estrada a Coimbra de que não só a Covilhã
mas também a Cova da Beira não podem abdicar
e, inclusivé, a Guarda. Para a cidade egitaniense,
com a ligação pela A23, o itinerário
até se tornaria mais cómodo.
Quanto a Castelo Branco, a conclusão do IC8 à
A23 encurta a distância da capital do Distrito a
Coimbra que, agora, já é rápida.
Por isso, a ideia de Carlos Pinto sugerir portagens para
a nova auto-estrada, afigura-se da maior pertinência.
O Governo não tem mais desculpas, mesmo em tempo
de contenção orçamental. E não
venham os eternos “Velhos do Restelo” a dizer
que não haverá tráfego para a nova
via.
O que disse Jorge Costa, secretário das Obras Públicas,
pondo em dúvida o tráfego para Coimbra,
também foi dito por um membro do anterior Governo
socialista que era ministro, a propósito do então
IP2, já em perfil de auto-estrada agora A23.
E quantos carros passam, actualmente, na A23 ? O último
estudo da concessionária SCUTVIAS revela uma média
de 11 mil carros por dia.
Pode argumentar-se o facto de não haver portagens.
Mas a segurança e a rapidez falam mais alto nestes
casos.
Só quem faça a viagem da Covilhã
para Coimbra pelos trajectos actuais, sabe o calvário
a que se sujeita. E, nos tempos de invernia, o perigo
espreita a cada momento. Seja qual for o trajecto escolhido.
Apesar de termos um Hospital Universitário com
a construção da Faculdade de Medicina prestes
a ser iniciada, ainda haverá doentes a transportar
de urgência para Coimbra.
Imagine-se a via-sacra das ambulâncias por estradas
semeadas de curvas e mais curvas por serranias e subidas
íngremes.
Por este motivo, já se advoga que é melhor
levar os doentes em em perigo de vida do Centro Hospitalar
da Cova da Beira para Lisboa pela A23.
Na organização administrativa, fazemos parte
da Região Centro cuja capital é Coimbra.
A esta cidade interessa igualmente o IC6 em perfil de
auto-estrada. Para quebrar o seu isolamento em relação
à Beira Interior. E também a sua futura
Área Metropolitana só tem a ganhar com isso.
Concluída a auto-estrada de Salamanca à
fronteira Portugal-
-Espanha, pelo troço da A25 e, depois, pela A23
e pelo IC6, Coimbra tem uma boa e nova opção
de ligação à Europa.
Mas que têm feito os dirigentes Comissão
de Desenvolvimento da Região Centro pelo IC6 em
perfil de auto-estrada? Até agora, ainda não
se conhecem apoios públicos explícitos.
Ou é caso para, à semelhança Região
Norte, irmos pelo caminho de intensificar as relações
com os nossos vizinhos da Raia Espanhola ?
Os problemas são comuns com uma diferença.
As regiões espanholas distinguem-se pelo seu dinamismo.
É de lamentar que os estudos dos túneis
de ligação a Manteigas, Gouveia e Seia a
partir do Teixoso estejam em “banho-maria”.
A sua construção era uma grande mais-valia,
sob todos os pontos de vista. Esperemos que, no futuro,
fundos comunitários permitam levar a obra ao final
desejado.
Venha, pois, a Comunidade Urbana das Beiras para usando
das suas competências resolva o IC6, em perfil de
auto-estrada a que temos direito e que o Governo não
mostra desejos de realizar. Sempre pela mesma razão.
Se se tratasse do Litoral ou das cinturas de Lisboa ou
Porto, tudo avançaria sem problemas. Mas, como
é o Interior, inventam-se sempre desculpas que
evidentemente não aceitamos.
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