Luísa Branco junto dos seus colegas do Departamento de Psicologia e Educação da UBI
Doutoramento em Educação
A escola serve para quê?

Avaliar se a escola tem como papel ensinar ou educar (no sentido pleno do conceito) foi o tema da tese de doutoramento apresentada por Luísa Branco.


Por Daniel Sousa e Silva


”A Escola – Comunidade Educativa e a Formação de Novos Cidadãos” é o título da tese de doutoramento que Maria Luísa Frazão Rodrigues Branco defendeu no passado dia 16, sexta feira.
A docente do Departamento de Psicologia e Educação da UBI sintetiza o seu estudo em forma de desafio. “O investimento na educação cívica exige a organização da escola como uma comunidade democrática, aberta à sociedade envolvente, a qual se constitui como centro polarizador e dinamizador dos esforços educativos com intencionalidade cívica, mediante uma efectiva pedagogia social”, resume.
A escola enquanto recurso educativo da comunidade permite restabelecer, em novos moldes, a coerência presente nas sociedades educativas tradicionais. Esta é a principal conclusão alcançada.
O júri aprovou a sua tese por unanimidade. Luísa Branco confessa que não tem “uma visão atormentada deste tipo de provas”. A oportunidade de poder reflectir durante três anos sobre a comunidade educativa foi, para a mais recente professora doutorada da UBI, “uma experiência muito agradável”.
A nível metodológico, Luísa Branco analisou a transposição do debate liberalismo/comunitarismo para o plano educativo e procedeu a um exame cuidado da legislação relativa ao tema. A docente optou por dar especial atenção ao novo regime de autonomia das escolas e à construção da comunidade educativa, tirando ilações sobre o alcance e as limitações do quadro legislativo para a escola comunidade-educativa enquanto centro de educação cívica.
Na sua tese, Luísa Branco apresenta alguns factores que necessitam ser melhorados para se conseguir a sua meta, tais como “a aposta nas relações pessoais e informais, a promoção de um envolvimento local significativo na escola e nos seus projectos e a existência de uma liderança democrática”.

A escola cultural

Luísa Branco é “a favor da escola cultural”, abandonada pelo actual sistema de ensino, em que o grande objectivo da escola “é, antes de tudo, a consagração da educação”. A docente da UBI esclarece que, neste modelo, “para além da actividade escolar, deverão existir actividades extracurriculares de complemento de formação cívica, em vez do que acontece nos dias de hoje em que apenas existem pequenos resíduos desta teoria”.
Os arguentes da tese de doutoramento foram Cândido Manuel Varela de Freitas, professor catedrático da Universidade do Minho, e Manuel Ferreira Patrício, professor catedrático da Universidade de Évora. Este último é o actual reitor da Universidade de Évora e foi orientador da tese de Luísa Branco. Para além destes, o júri da prova foi constituído por Ramiro Fernando Lopes Marques, professor-coordenador do Instituto Politécnico de Santarém, José Manuel Boavida Santos, professor associado da Universidade da Beira Interior, Manuel Joaquim da Silva Loureiro, professor associada da Universidade da Beira Interior, Maria de Fátima de Jesus Simões, professora associada da Universidade da Beira Interior, Luís Miguel Santos Sebastião, professor auxiliar da Universidade da Évora.