A destituição de António Pinho na Federação não está a a ser pacífica
Esqui
Polémica regressa à Federação

António Pinho diz ter sido destituído ilegalmente e socorre-se de parecer do Conselho Jurisdicional. Amarelo Fernandes diz que tudo não passa de “uma campanha de difamação orquestrada”.


Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


Dez meses depois de ter sido destituído do cargo de Presidente da Federação Portuguesa de Esqui (FPE), José António Pinho contra-ataca. O dirigente promoveu na última segunda-feira, 12, uma conferência de imprensa para “dar conta de várias ilegalidades praticadas pela Direcção”, inclusivé no acto da sua destituição. Recorde-se que o empresário covilhanense foi afastado do cargo em Assembleia Geral (AG) de 19 Março de 2003, num processo envolto em bastante polémica.
António Pinho, que desde então, vem contestando a decisão da AG, apresentou, na segunda-feira, um parecer emitido pelo Conselho Jurisdicional da FPE que favorece a sua posição. Os principais argumentos do presidente deposto prendem-se com o facto de ter sido afastado com votos ilegais de instituições e clubes que “pelos estatutos, não podem estar filiados na Federação”. Situação em que se encontra, diz, “o Centro de Treino e Actividade Desportiva (CTAD) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG)”. O CTAD, alega António Pinho, “é um serviço interno do IPG. Logo não pode ser considerado clube e, portanto, não pode estar filiado na Federação nem exercer direito de voto como aconteceu”. Pinho vai mais longe e afirma mesmo que, “com a filiação do Centro de Treino, Amarelo Fernandes (presidente da Direcção da Federação), pretendia obter algum domínio nas assembleias gerais, uma vez que é vice-presidente do IPG”.
Do mesmo modo, o presidente destituído afirma que também os votos da Associação Portuguesa de Cães de Pulka e Trenó, Associação de Mushing do Centro e Ski Clube de Montanha não são válidos devido ao facto de “as assinaturas dos atletas no processo de inscrição levantarem sérias e fundadas dúvidas”. Por outro lado, Pinho diz não entender o porquê da não inclusão do Grupo Desportivo da Mata, Casa do Povo do Ferro e Associação Desportiva de Manteigas, “clubes com praticantes de esqui que nunca foram aceites pela actual Direcção”.
António Pinho acusa ainda os elementos da actual Direcção, Amarelo Fernandes e João Trabuco de várias ilegalidades desde “a violação de correspondência à atribuição de títulos falsos, um dos quais ao próprio filho do presidente da Direcção”. Queixas que, diz, já deram entrada no Ministério Público. O empresário toma o parecer do Conselho Jurisdicional, que sugere a anulação da AG de 19 de Março de 2003, como uma decisão sem recurso e, em comunicado enviado aos clubes, nomeou já uma Comissão Administrativa a ser presidida por José Manuel Rodrigues, ao mesmo tempo que pede a demissão da actual Direcção.

Amarelo Fernandes classifica situação de “ridícula”

Ainda antes da conferência de dia 12, a Direcção da FPE emitia um comunicado contestando a autoridade de José António Pinho enquanto presidente da Federação uma vez que já tinha sido demitido do cargo. Amarelo Fernandes volta a frisar o facto e classifica de “ridícula” toda a situação. O presidente da Direcção refuta todas as acusações e avisa que “quem está a cometer uma ilegalidade é António Pinho que utiliza abusivamente o título do qual foi afastado”.
O professor ressalva ainda que o parecer do Conselho Jurisdicional “não pode anular as decisões tomadas em Assembleia Geral” e mostra-se surpreendido com o seu conteúdo. É que, explica, “é ridículo dizer que o Centro de Treino e Animação Desportiva não podia ter pedido a convocatória da Assembleia Geral em causa nem podia estar inscrito na Federação. Isto porque não foi o CTAD que fez tal pedido e nem sequer está filiado. Quem está inscrito é a Associação de Estudantes do IPG, e foi esta instituição que exerceu o seu direito de voto”. Segundo Amarelo Fernandes, a inscrição na Federação foi feita com o nome AEIPG/CTAD “apenas por uma questão de encaminhamento de correspondência”.
O presidente da Direcção fala em “campanha de difamação orquestrada contra os órgãos da FPE” e compara a nomeação de uma Comissão Administrativa “por parte de uma pessoa que já nada tem a ver com a instituição” com “os tempos do PREC”. O professor entende o comunicado difundido por António Pinho como “uma tentativa grosseira de ingerência nos assuntos internos da FPE” e declara-o nulo e “sem qualquer efeito”.