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O Mercado Municipal
da Covilhã
Os membros da Câmara Municipal de maioria PSD promovem
em todos os discursos o auto-elogio da sua gestão.
A propósito deste ou daquele empreendimento, ou
de simples ideia (como a Zona Franca das Penhas da Saúde),
dizem logo que é “espectacular” ou
que é “inédito” no país.
Não tenho dúvidas de que muitos cidadãos
acreditam que as ideias que o executivo municipal a si
próprio se atribui e classifica de “espectaculares
e inovadoras”, são obra de verdadeiros deuses.
Evidentemente que uma análise mais próxima
de algumas dessas realizações confirma que
não é nada disso, antes pelo contrário.
Vejamos o Mercado Municipal a que uma “ideia brilhante”
amputou parte da sua estrutura para criar um silo-auto,
atirando os quinteiros para o 2º andar. Ficam assim
prejudicados vendedores e clientes porque os produtos
ficam fora de mão no último piso.
Para além do absurdo de instalar um silo-auto num
espaço comercial por excelência, dando-lhe
uma utilização nada compatível com
a finalidade para a qual foi criado, acaba por não
trazer mais utentes ao Mercado já que o local está
todos os Sábados superlotado com as carrinhas dos
vendedores.
A pretexto duma possível derrocada da muralha,
a Câmara Municipal deslocou os vendedores da peixaria
para a cave do edifício, um sítio acanhado,
frio no Inverno e excessivamente quente no Verão.
Cada vendedor só dispõe de uma vitrine para
expor o seu peixe vendo-se obrigado a colocar as restantes
caixas no chão.
Além disso, o local não tem sanitários,
levando ao fecho das bancas quando os vendedores se deslocam
às casas de banho localizadas noutros andares.
São também evidentes os prejuízos
nas vendas, já que o percurso normal dos utilizadores
do Mercado não passa por ali, acontecendo que muitas
vezes acabam por não ir à peixaria.
Não deixa de ser curioso que no local onde antes
esteve a peixaria e que motivou a sua mudança pelo
perigo de desmoronamento da muralha, estão agora,
aos Sábados, os vendedores de ovos. Ficamos a saber
que o executivo acredita que a muralha não cairá
num Sábado!
A juntar a tudo isto, os vendedores de peixe não
têm acesso ao frigorífico municipal, devendo
ser o único mercado do país onde tal acontece.
É caso para dizer: ”inédito”!
*Membro da Assembleia
Municipal da Covilhã
(armando.morais@iol.pt)
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