A Escola Pêro
da Covilhã prepara-se para receber a primeira turma
do concelho no âmbito do Plano Integrado de Educação
e Formação (PIEF). Uma medida que visa combater
sobretudo o abandono escolar e o trabalho infantil.
A turma tem capacidade para 15 pessoas e os 11 jovens
que estão indicados pelo PIEF para dar início
ao projecto são ex-alunos de escolas da Covilhã
que deixaram de estudar e alguns já se encontravam
a trabalhar. A excepção é uma aluna
da escola que está integrada numa turma mas estava
indicada para um programa desta natureza. O objectivo
passa por motivá-los para a aprendizagem através
de "um currículo adaptado" de modo a
conseguirem a equivalência ao segundo ciclo e, eventualmente,
prosseguirem os estudos ou optarem por um curso profissional
"que lhes possa dar competências em alguma
área para depois se inserirem na vida activa",
diz Jorge Antunes, presidente do Conselho Executivo da
escola.
O arranque das aulas, que irá ter alunos entre
os 14 e os 17 anos, está previsto para 5 de Janeiro,
mas tudo depende da autorização da parte
curricular e da aprovação do orçamento.
Já que o projecto tem um orçamento próprio
e é financiado pelos vários parceiros. Entre
eles a Beira Serra, entidade gestora.
O curso tem a duração de 36 semanas, mas
os alunos não têm que o frequentar até
ao fim, "caso atinjam os objectivos antes".
E "apesar de a escola não ter pedido esta
turma", já que foi proposta pela Direcção
de Educação do Centro" para acolher
este grupo, está empenhada em fazer com que o que
se pretende seja conseguido, diz Jorge Antunes. O corpo
docente que irá trabalhar com os 11 jovens, um
número que poderá aumentar com a integração
ao longo do ano de mais alunos, é multifacetado.
A equipa que vai dar formação a estes jovens
em risco é composta por seis professores, cinco
da própria escola e um da Escola Campos Melo, por
alguns técnicos, um psicólogo e um monitor
, que irá acompanhar o grupo durante todo o dia.
Alunos com "currículos próprios"
E se o currículo do ensino regular "não
resultou na altura, agora também não ia
resultar", sublinha Jorge Antunes. Por isso, o que
lhes está destinado, e que ainda não é
definitivo, tem em conta as características e necessidades
específicas do grupo. Para além das disciplinas
de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira
e Meio Ambiente Social e Cultural a turma vai adquirir
também conhecimentos práticos na Iniciação
à Electrotecnia, Jardinagem, com um técnico
disponibilizado pela Câmara da Covilhã, formação
de calceteiros e terá ainda contacto com o sector
têxtil. Algumas destas aulas serão dadas
no Cilan e parte das teóricas nas instalações
do Ensino Recorrente, outro dos parceiros. As únicas
a ter lugar dentro da escola são as práticas,
de Ginástica, Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC) e Educação
Visual e Tecnológica.
"O currículo, como está proposto, penso
que se adapta a estes miúdos", salienta o
presidente do conselho executivo. Jorge Antunes frisa
ainda que "é uma turma que tem alunos com
currículos próprios". Uma situação
que já se verifica na escola, mas com alunos integrados
em turmas normais e dispersos. A diferença está
em esta turma ser constituída só por estes
alunos, o que lhes permite ter um acompanhamento mais
próximo. "Se estivessem dispersos teria que
haver um maior número de meios envolvidos",
observa Jorge Antunes.
O responsável pela escola acrescenta também
que "os horários estão estabelecidos
de maneira a ser viável e não prejudicar
o normal funcionamento da escola". Segundo Jorge
Antunes o ideal seria que todos atingissem os objectivos,
mas diz que a equipa formadora já se daria por
satisfeita se a maioria o conseguir, tendo em conta o
contexto de onde provêm os alunos. "Alguns
já estavam a trabalhar e têm outras carêcias
que alunos mais jovens não têm", refere.
"É natural que alguns destes alunos saiam
da turma, porque estão habituados a trabalhar e
a ter o seu próprio dinheiro", embora esperem
contrariar essa situação, sublinha o presidente
do concelho executivo. Por isso, o curso prevê uma
bolsa para alguns alunos, que vai depender do rendimento
do seu agregado familiar.
O PIEF foi criado em 1999 como uma das formas de pôr
no terreno o Plano para a Eliminação da
Exploração do Trabalho Infantil (PEETI),
através de medidas que permitissem aos jovens em
risco de abandono escolar terminar a escolaridade obrigatória
com um ensino individualizado e técnico-prático.
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