Viver Todos os Dias Cansa
De
Pedro Paixão
"Viver sempre também cansa"
é a forma de uma focagem muito desenvolta das relações
humanas, amorosas ou de casamento, sem "clichés"
repetitivos, e antes no modo de saber captar certos quadros
e situações que muito de perto se ligam a vida
de hoje, que cansa, mas mesmo assim é intensamente
vivida por entre pesadelos, gritos, vodkas e libriuns a mistura.
E por isso a arte de saber contar essas histórias e
retratar gente que anda a seu lado, entre angústias
e cansaços de que não terá bem consciência,
vivendo um pouco nesse "far niente" dos anos 50
depois da última guerra (e que Fellini, por exemplo,
soube transpor no cinema como ainda hoje se comprova), faz
de Pedro Paixão uma espécie de "arauto"
que, no fundo, talvez deseje despertar outras gentes para
o outro lado da vida, não tão imediatista, nem
trivial nem inútil, que possa prender-se a outros valores
ou a descoberta de outro sentido na vida.
Portanto, ao chamarmos a atenção para Viver
Todos os Dias Cansa fazemo-lo na convicção de
que o autor de A Noiva é já, sem dúvida,
um dos casos mais expressivos de escritores que se esforça
por criar uma obra literária com grande capacidade
e talento, que se confirma neste último livro pelo
seu claro engenho e arte para contar histórias.
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