Isabel Ferra, docente
histórica da Universidade da Beira Interior (UBI),
alcançou aos 59 anos o grau de professora catedrática,
o mais alto da carreira universitária.
“Eu procuro apenas fazer o trabalho que é preciso
fazer, por isso penso que não haverá grande
s diferenças com a atribuição do grau”,
explica-se.
Licenciada em Química na Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa, em 1969, no primeiro ano em que
houve licenciados na área. Anteriormente, apenas
existiam licenciaturas em Físico-química
Em 1970, Isabel Ferra vai para Angola, para a Universidade
de Luanda como professora assistente, onde permanece durante
3 anos. Na altura, “estavam a promover (na Universidade
de Luanda) várias licenciaturas, entre as quais Química”,
elucida a docente.
A oportunidade de ir para Angola surgiu por convite do seu
antigo orientador de licenciatura, que convidou Isabel Ferra
e mais alguns colegas recém-licenciados a se juntarem
a ele na criação de novos cursos naquele país,
como professores assistentes.
Fica lá até 1973, ano em que vai para Inglaterra
fazer o doutoramentona Universidade de Newcastle upon Tyne,
onde esteve durante três anos e três meses.
Nesse período, dedica a maior parte do deu tempo
à investigação, mas também leccionou
algumas cadeiras relacionadas com o ramo da Química.
O doutoramento teve como objecto um estudo sobre soluções
aquosas de eléctrólitos. O objectivo principal
era o estudo de equilíbrio químico e a determinação
de Ph. “Os anos que passei em Inglaterra foram aqueles
que me deram maior capacidade de desenvolver capacidade
de investigação cientifica”, conta.
Na altura em que Isabel Ferra volta a Portugal, “estavam
a aparecer vários institutos politécnicos
, mas eu optei por concorrer para a Covilhã. Isabel
Ferra achou ser seu “dever contribuir para a criação
de uma instituição que era muito pequena”
aquando do seu regresso ao País.
Chegou à Covilhã em Maio de 1977, altura em
que começa a trabalhar na instituição.
Como a exercer funções de professora auxiliar
no antigo Instituto Politécnico da Covilhã
(IPC), passando a professora associada em 1979.
Desde o seu início de carreira de docente, Isabel
Ferra, já leccionou diversas disciplinas na área
da química, mas “especializou-se” numa
cadeira que ainda hoje tem a seu cargo: Química Analítica.
No ano, em que começou a sua actividade no IPC, havia
na instituição apenas um pequeno laboratório
de Química, utilizado para algumas aulas práticas
para os alunos de Engenharia Têxtil. Devido à
necessidade da implementação de vários
trabalhos práticos a inserir nas várias disciplinas
de Química, procedeu-se à compra de equipamentos
e material para a montagem e ampliação do
laboratório a cargo de Isabel Ferra.
Em 1981, é vogal da Comissão Instaladora do
Instituto Politécnico da Beira Interior (IUBI), processo
em que participa ao longo dos seus anos de duração.
“ Foi a função que mais trabalho exigiu,
mas também a mais recompensante, porque senti fazer
parte de uma casa em construção praticamente
do nada”. É desta forma que a agora professora
catedrática recorda esse período.
”Há dois aspectos fundamentais para o crescimento
da UBI: a criação de infra-estruturas e o
aparecimento de pessoas e a sua organização
nos vários departamentos.” Assim Isabel Ferra
desvenda o segredo da UBI. No entanto, reconhece que não
pensou “que crescesse tão depressa como se
sucedeu”.
Em 1984, obteve uma licença sabática, interrompendo
a sua carreira de docente por um ano.
A par da leccionação , já em1988, prepara
o plano curricular da licenciatura em Química Industrial,
que teve início em 1989. Para este curso, de que
é directora desde o seu início, reestrutura
o programa da disciplina de Química Analítica,
inicia o curso de Tratamento de Efluentes (1992) e elabora
o programa da disciplina de Análises Industriais
(1993).
Renovação de equipamentos
Há 10 anos atrás, Isabel Ferra avaliava
as infra-estuturas do seu departamento, em especial os
laboratórios, como sendo “satisfatórios”.
Nos dias de hoje, a docente é da opinião
de que ´”é preciso renovar a maioria
dos aparelhos que existem nos laboratórios”.
Parte dos equipamentos precisam de substituição
e outra parte necessita de ser modernizada.
“Há ainda muita coisa a ser melhorada”,
defende. O seu objectivo é “a procura de
um
determinado nível de ensino e investigação”.
A qualidade do ensino é algo que Isabel Ferra considera
que pode “demarcar a UBI das outras instituições”,
não esquecendo “a importância dos projectos
científicos” e do “serviço à
comunidade”, como mais-valias a ser desenvolvidas.
Nova dispensa sabática foi concedida a Isabel Ferra,
em 2002, parando durante mais um ano o serviço
docente.
Em Janeiro de 2003, presta provas de agregação,
voltando ao tema que já tinha investigado na sua
tese de doutoramento. “Não exactamente na
mesma perspectiva do que antes, desta vez com mais actualidade”
a temática da determinação do PH.
Para além deste tema, houve um outro tópico
de investigação que atraiu Isabel Ferra
na UBI. “As questões relacionadas com o ambiente”,
elucida. Fiz um estudo sobre o tratamento de efluentes
líquidos, nomeadamente os a indústria têxtil.
Isto porque existia na instituição a licenciatura
em Engenharia Têxtil e era “necessário
haver conjugação de esforços”.
É presidente do Departamento de Química
desde a sua criação até 1994 e de
1996 a 1998. Dá actualmente também aulas
no mestrado de Física-Química da UBI
Isabel Ferra é membro da Sociedade Portuguesa de
Química, Sociedade Portuguesa de Electroquímica
e da Royal Society oh Chemistry. Faz parte da Conselho
Científico da Empresa Águas do Zêzere
e Côa, desde 2000. Tem dezenas de artigos escritos
e comunicações tanto a nível nacional
como nacional.
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