"Amnesiac" é o triunfo sobre
os olhares cépticos que se verificaram
em relação a "Kid A",
que baralhou quem esperava um novo "OK Computer".
Tal como o álbum anterior, "Amnesiac"
exige tempo de digestão, subverte a estrutura
tradicional de uma canção, aumenta
a estranheza que já existia na música
dos Radiohead, e personaliza ainda mais o som
já de si característico da banda
de Oxford. É a vitória do mediato
sobre o imediato.
Senão vejamos: "Packt Like Sardines
in a Crushd Tin Box" é uma canção
pop sob feições electrónicas,
que arrasta sons de índole diversa; "Pyramid
Song" e "You and Whose Army" são
dois espaços de maior intimismo no álbum,
cheios de alma e de momentos de grandiosidade;
"I Might Be Wrong" é um poderoso
tema rock, muito bem dinamizado pelo som de baixo
distorcido e pelo riffs persistentes de uma das
guitarras eléctricas; "Knives Out"
é a canção à Radiohead
(no sentido clássico do termo) de "Amnesiac",
carregado dos acordes típicos de guitarra
que fizeram a imagem do quinteto; a versão
de "Morning Bell" que aparece neste
disco é de teor mais acústico quando
em comparação com a de "Kid
A", não recorre à bateria,
e apresenta uma estrutura mais invulgar; "Life
in a Glasshouse" é um bela canção
de contornos mais jazzísticos; "Dollars
and Cents" é um dos temas mais estranhos
deste álbum, uma encruzilhada de vocalizações
de Thom Yorke, sobrepostas umas às outras,
numa das faixas mais brilhantemente anti-convencionais
de "Amnesiac"; "Pulk/Pull Revolving
Doors", "Hunting Bears" e "Like
Spinning Plates" são investidas num
grau de experimentalismo ainda maior.