Vazio Infinito
De
Philip K. Dick
Eis uma novela de Philip K. Dick, de
1970, o qual recebeu na edição portuguesa o
título algo incompreensível de "Vazio Infinito".
O título original é "Flow my tears; the
policeman said" ("Sigam as minhas lágrimas;
disse o polícia"). Será o título
de alguma canção de Rock em moda em 1970? Mas,
seja como for, o título em inglês aplica-se bem
à novela. Pois polícias é coisa que não
falta nesta novela de ficção científica.
A história passa-se nuns EUA transformados num estado
policial e onde todos os estudantes universitários
vivem praticamente em clandestinidade, apanhados numa vida
que parece mais dedicada a confrontos com a polícia
do que ao estudo nas catacumbas. Nisso, a novela faz lembrar
um pouco o ambiente de 1970; a do presidente Nixon; a de contestação
estudantil contra a guerra do Vietname; as das cenas de porrada
entre estudantes e polícias naquela época. Mas
isto é apenas o cenário de fundo em que se desenrola
a novela. A novela, na verdade, gira mais à volta de
um famoso animador ou humorista de televisão, com direito
a programa próprio. Esse animador de TV leva uma rica
vida de luxo e tem sucesso com o seu programa de TV, visto
por cerca de 30 milhões de espectadores. Uma espécie
de Carlos Cruz ou de Herman José, em suma. «
Pois, eis que ele sofre um atentado da parte de uma das suas
ex-amantes e vai parar ao hospital. Quando ele se recupera
no hospital descobre, com espanto, que já ninguém
sabe quem ele é. (Não, não foi ele quem
perdeu a memória, os outros todos é que perderam
a memória dele... aparentemente). O animador vê-se
apanhado num mundo que já não o reconhece como
o famoso animador da TV.
|