Santos Silva aproveitou
a visita de Ferro Rodrigues, secretário-geral do
Partido Socialista (PS), às instalações
da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) e da
Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI)
na passada terça feira, 10, para lembrar a sua preocupação
com o projecto de decreto-lei regulador do financiamento
dos agora chamados “hospitais com ensino universitário”
em função da produtividade.
“O que está escrito no projecto é um
apanhado das leis que já existiam. Antes, as faculdades
deveriam pagar um determinado montante aos hospitais, nomeadamente
os custos que havia com o ensino. O que acontecia era que
todas as faculdades e hospitais eram públicos e ninguém
pagava nada a ninguém”, relata o reitor.
O que inquieta Santos Silva é que “o texto
que nunca foi cumprido” fique incluído no novo
decreto-lei e que “quem fique a ganhar com isto tudo
seja o Ministério da Saúde, com as universidades
a pagar a factura”.
No caso da licenciatura em Medicina na UBI, montou-se “uma
estrutura de ensino e investigação em articulação
com o Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) e o Hospital
da Guarda que é financiado pela UBI”, descreve
o responsável máximo da instituição.
O médico docente vai passar mais algum tempo com
o aluno. “Um médico que dava dez consultas
por dia, passará a dar menos”, prognostica,
mas o reitor pretende que, nestes casos, a produtividade
seja “medida por outra fórmula diferente da
habitual”.
“O ensino e a investigação custam dinheiro
e alguém terá que os suportar”, defende
Santos Silva. Se forem as universidades, o reitor antevê
a necessidade de “reforçar o orçamento
das universidades”.
Para Ferro Rodrigues, “o que realmente interessa é
não perder de vista que o objectivo dos hospitais
e das universidades é servir o País”.
O líder do PS julga ser errado a utilização
de “apenas critérios economicistas, com as
vista do lucro a curto prazo,” na redacção
do projecto do decreto-lei sobre o financiamento hospitalar.
Ferro Rpdrigues entende que “a relação
entre a universidade, os hospitais e os centros de saúde
tem de ser uma que produza os melhores profissionais, com
melhor capacidade de responder aos problemas dos doentes”.
“Quem ganha é Portugal”
Para o reitor da UBI o principal beneficiado com a existência
de hospitais universitários é o sistema
de saúde, porque “ter um hospital com ensino
e investigação obriga os profissionais dos
hospitais universitários a estar em actualização
permanente, significando um melhoramento dos cuidados
de saúde”. Como exemplo, Santos Silva lembra
que “desde o início da colaboração
do CHCB com a FCS o número de médicos duplicou”.
O relacionamento com o CHCB e com o Hospital da Guarda
“tem corrido da melhor forma”, garante Santos
Silva. “As direcções dos hospitais,
os médicos e a UBI estão cientes da importância
do trabalho que está a ser desenvolvido no Interior
do País”. É esta a justificação
dada pelo reitor para o bom entendimento entre instituições.
No Norte da Europa, os hospitais universitários
têm um orçamento um pouco maior do que o
resto dos hospitais. Santos Silva espera que em Portugal
“se possa caminhar nesse sentido”.
Líder socialista impressionado com FCS
O presidente da FCS, João Queiroz, apresentou
a Ferro Rodrigues o funcionamento da licenciatura de Medicina
da UBI.
Ferro Rodrigues ficou impressionado com o método
de aprendizagem da licenciatura de Medicina. “Como
membro do Governo que lançou a FCS é muito
gratificante ver os resultados”, diz.
O líder do Partido Socialista (PS) classifica a
FCS de“ uma experiência muito interessante,
de muito profissionalismo num momento grave da saúde
em Portugal, em que a falta de médicos atinge muitas
instituições”.
Agradou ao político “vir aqui verificar a
utilização de novos métodos de ensino,
com muito uso das tecnologias de informação,
com uma nova relação entre alunos e professores”.
Ferro salienta ainda o contacto dos alunos de Medicina
da UBI desde cedo com as pessoas e os profissionais de
saúde como “uma mais-valia”..
“A FCS representa uma resposta, embora limitada,
e o esforço para vencer algumas barreiras e conservadorismo”,
remata
O aumento de vagas para medicina anunciado pelo Governo
para o próximo ano lectivo é, na opinião
do líder socialista, “uma acção
correcta, desde que as universidades tenham capacidade
para o suportar”.
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