Alexandre S. Silva
NC / Urbi et Orbi


Ankyofa tenta progredir perseguido por Doula. O Covilha ainda tentou pegar no jogo, mas o Leiria dominou a partida

A Taça é, por tradição, competição propícia a surpresas. Talvez arrastada por essa ilusão, uma multidão invadiu, no último domingo, 23, o Santos Pinto, conferindo às suas velhas bancadas um colorido pouco visto nos últimos tempos. A surpresa não se concretizou. Mas os adeptos, esmagadoramente covilhanenses, não deram o tempo, nem o dinheiro, por mal empregue. O Covilhã foi afastado à quarta eliminatória com números contundentes. Mas o adversário não foi uma equipa qualquer. O Leiria milita na Superliga e carrega consigo a presença na última final.
Com dois golos em cada metade a turma do Lis arrumou os “leões”. Ainda poderia ter marcado mais, é certo, mas o Covilhã também poderia ter reduzido. Faltou, mais uma vez, à turma de João Cavaleiro, a dinâmica ofensiva que tem faltado ao longo da corrente temporada na Liga de Honra. Isso, e um pouco de sorte.
O Covilhã tentou surpreender logo de início com jogadas rápidas conduzidas por Dani, à direita, e Lourenço, à esquerda, mas que não eram acompanhadas pelos restantes companheiros. Oseias, o mais avançado da turma serrana, nem se viu. De tal modo que, quando Tarantini o substituiu, na segunda parte, parecia que o Covilhã jogava com mais um. Atrás, Cavaleiro experimentou um sistema de três centrais (Piguita, Gérson e Real) ladeados por Cordeiro e Rui Morais. Mas o excesso de defesas acabou por deixar debilitado um meio campo onde Ankyofna e Rui Andrade tinham que se desdobrar em missões defensivas e ofensivas.

Erros defensivos e inépcia atacante

Os serranos começaram bem, mas o fogacho durou pouco. Ainda não estavam decorridos 8 minutos e já o Leiria se adiantava no marcador na primeira oportunidade que dispunha. Maciel foge a Ankyofna pelo lado direito do ataque e, sem oposição, cruza para a entrada de Douala ao segundo poste. O camaronês, liberto de qualquer marcação, não se faz rogado e cabeceia para o fundo da baliza de Luciano. Na resposta os da casa quase chegam ao empate. Dani rouba a bola a Laranjeiro e, à queima-roupa, dispara para uma defesa apertada de Quievreux.
O Covilhã tentava subir no terreno e construir jogo, mas tudo se perdia no último terço de terreno, quer por falta de imaginação do avançados da casa, quer por eficácia dos defesas forasteiros. E se o panorama já não era animador, pior ficou aos 18 minutos quando Edson, de livre, aponta o segundo da sua equipa e o primeiro da sua conta pessoal.
Com o jogo na mão, o Leiria limita-se a gerir a vantagem e a aproveitar o adiantamentos dos beirões para lançar rápidos contra-ataques. Por duas vezes os pupilos de Vítor Pontes estão perto de ampliar, mas Luciano opõe-se da melhor forma a Maciel (25m), que na recarga atira ao poste, e a Caíco (30m), que foge à marcação e surge isolado frente ao guardião serrano. Mas a última grande oportunidade antes do intervalo pertence aos da casa, com Lourenço a tentar um chapéu a Quievreux, que sai poucos milímetros acima da barra.

Oportunidades que não se podem falhar

À saída dos balneários João Cavaleiro, descontente, mexe na equipa. Oseias cede o lugar a Tarantini, que dá outra dimensão ao ataque, e Ido substitui Dani, o que acaba por libertar Rui Andrade para funções mais ofensivas.
As mudanças efectuadas pelo técnico notaram-se de imediato, mas não tiveram efeito prático. A equipa aparece mais solta e a jogar a toda a largura do terreno, mas continua a “embater” numa defesa sólida e rápida a recuperar. Aos 56 minutos Edson bisa a cruzamento de Filipe Teixeira, em outro lance em que a defesa serrana ficou a “dormir”.
Depois, o Leiria tira o pé do acelerador e o Covilhã ganha espaço para fazer aquilo que melhor sabe fazer: jogar bem até à área adversária e desperdiçar boas oportunidades. Primeiro é Tarantini (57m ) que põe à prova os reflexos de Quievreux; de seguida, Lourenço (62 m), no coração da área e sem marcação, dá o pior seguimento a um cruzamento de Rui Andrade e remata para a bandeira de canto. Aos 70 minutos na sequência de um canto, Gérson salta mais alto que o guarda-redes do Leiria, mas cabeceia por cima. Dois minutos depois é Ankyofna que, com Quievreux batido, e sem qualquer pressão, atira para o parque de estacionamento. E já depois de Edson ter feito o 0-4, aos 88 minutos, Tarantini volta a ter nos pés a possibilidade do golo de honra, mas, mais uma vez, o guardião do Lis estava atento.
A vitória, embora por números exagerados, assenta bem à turma leiriense. Os forasteiros foram mais fortes, mais rápidos e, sobretudo, mais eficazes, uma vez que, contas feitas, o número de oportunidades de golo foi igual para ambos. Por outro lado, o ataque do Covilhã continua a comprometer em situações decisivas. Oseias e Denilson, que no domingo não jogou, ainda não provaram ser opções válidas. E, pelo que se viu no último domingo, Tarantini e Viola reclamam um voto de confiança. De qualquer modo, o Natal está aí… e o Covilhã bem que precisa de uma prenda no sapatinho.