A Taça é,
por tradição, competição propícia
a surpresas. Talvez arrastada por essa ilusão,
uma multidão invadiu, no último domingo,
23, o Santos Pinto, conferindo às suas velhas bancadas
um colorido pouco visto nos últimos tempos. A surpresa
não se concretizou. Mas os adeptos, esmagadoramente
covilhanenses, não deram o tempo, nem o dinheiro,
por mal empregue. O Covilhã foi afastado à
quarta eliminatória com números contundentes.
Mas o adversário não foi uma equipa qualquer.
O Leiria milita na Superliga e carrega consigo a presença
na última final.
Com dois golos em cada metade a turma do Lis arrumou os
“leões”. Ainda poderia ter marcado
mais, é certo, mas o Covilhã também
poderia ter reduzido. Faltou, mais uma vez, à turma
de João Cavaleiro, a dinâmica ofensiva que
tem faltado ao longo da corrente temporada na Liga de
Honra. Isso, e um pouco de sorte.
O Covilhã tentou surpreender logo de início
com jogadas rápidas conduzidas por Dani, à
direita, e Lourenço, à esquerda, mas que
não eram acompanhadas pelos restantes companheiros.
Oseias, o mais avançado da turma serrana, nem se
viu. De tal modo que, quando Tarantini o substituiu, na
segunda parte, parecia que o Covilhã jogava com
mais um. Atrás, Cavaleiro experimentou um sistema
de três centrais (Piguita, Gérson e Real)
ladeados por Cordeiro e Rui Morais. Mas o excesso de defesas
acabou por deixar debilitado um meio campo onde Ankyofna
e Rui Andrade tinham que se desdobrar em missões
defensivas e ofensivas.
Erros defensivos e inépcia atacante
Os serranos começaram bem, mas o fogacho durou
pouco. Ainda não estavam decorridos 8 minutos e
já o Leiria se adiantava no marcador na primeira
oportunidade que dispunha. Maciel foge a Ankyofna pelo
lado direito do ataque e, sem oposição,
cruza para a entrada de Douala ao segundo poste. O camaronês,
liberto de qualquer marcação, não
se faz rogado e cabeceia para o fundo da baliza de Luciano.
Na resposta os da casa quase chegam ao empate. Dani rouba
a bola a Laranjeiro e, à queima-roupa, dispara
para uma defesa apertada de Quievreux.
O Covilhã tentava subir no terreno e construir
jogo, mas tudo se perdia no último terço
de terreno, quer por falta de imaginação
do avançados da casa, quer por eficácia
dos defesas forasteiros. E se o panorama já não
era animador, pior ficou aos 18 minutos quando Edson,
de livre, aponta o segundo da sua equipa e o primeiro
da sua conta pessoal.
Com o jogo na mão, o Leiria limita-se a gerir a
vantagem e a aproveitar o adiantamentos dos beirões
para lançar rápidos contra-ataques. Por
duas vezes os pupilos de Vítor Pontes estão
perto de ampliar, mas Luciano opõe-se da melhor
forma a Maciel (25m), que na recarga atira ao poste, e
a Caíco (30m), que foge à marcação
e surge isolado frente ao guardião serrano. Mas
a última grande oportunidade antes do intervalo
pertence aos da casa, com Lourenço a tentar um
chapéu a Quievreux, que sai poucos milímetros
acima da barra.
Oportunidades que não se podem falhar
À saída dos balneários João
Cavaleiro, descontente, mexe na equipa. Oseias cede o
lugar a Tarantini, que dá outra dimensão
ao ataque, e Ido substitui Dani, o que acaba por libertar
Rui Andrade para funções mais ofensivas.
As mudanças efectuadas pelo técnico notaram-se
de imediato, mas não tiveram efeito prático.
A equipa aparece mais solta e a jogar a toda a largura
do terreno, mas continua a “embater” numa
defesa sólida e rápida a recuperar. Aos
56 minutos Edson bisa a cruzamento de Filipe Teixeira,
em outro lance em que a defesa serrana ficou a “dormir”.
Depois, o Leiria tira o pé do acelerador e o Covilhã
ganha espaço para fazer aquilo que melhor sabe
fazer: jogar bem até à área adversária
e desperdiçar boas oportunidades. Primeiro é
Tarantini (57m ) que põe à prova os reflexos
de Quievreux; de seguida, Lourenço (62 m), no coração
da área e sem marcação, dá
o pior seguimento a um cruzamento de Rui Andrade e remata
para a bandeira de canto. Aos 70 minutos na sequência
de um canto, Gérson salta mais alto que o guarda-redes
do Leiria, mas cabeceia por cima. Dois minutos depois
é Ankyofna que, com Quievreux batido, e sem qualquer
pressão, atira para o parque de estacionamento.
E já depois de Edson ter feito o 0-4, aos 88 minutos,
Tarantini volta a ter nos pés a possibilidade do
golo de honra, mas, mais uma vez, o guardião do
Lis estava atento.
A vitória, embora por números exagerados,
assenta bem à turma leiriense. Os forasteiros foram
mais fortes, mais rápidos e, sobretudo, mais eficazes,
uma vez que, contas feitas, o número de oportunidades
de golo foi igual para ambos. Por outro lado, o ataque
do Covilhã continua a comprometer em situações
decisivas. Oseias e Denilson, que no domingo não
jogou, ainda não provaram ser opções
válidas. E, pelo que se viu no último domingo,
Tarantini e Viola reclamam um voto de confiança.
De qualquer modo, o Natal está aí…
e o Covilhã bem que precisa de uma prenda no sapatinho.
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