Rui Raposo,
vencedor da Taça Nacional de Rallycross
“Sem apoios, para o ano não corro”
Rui Raposo sagrou-se
campeão da Divisão 2 da Taça Nacional
de Rallycross. O Campeonato é o objectivo do próximo
ano, mas só se houver patrocínios suficientes,
caso contrário, afiança “é
impossível suportar os custos da época”.
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Alexandre S.
Silva
NC / Urbi et Orbi
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Urbi et Orbi– Foi este ano vencedor da Divisão
2 da Taça Nacional de Rallycross pela primeira
vez, ao fim de três anos a competir no escalão.
O que é preciso para ser campeão?
Rui Raposo – Acima de tudo é preciso
muita dedicação e sacrifício. Mas
também é necessário muito apoio.
Ao longo da época tive a sorte de ter comigo um
grupo de grandes amigos que, para além de prestarem
assistência, me deram muita força, principalmente
nos momentos menos bons. E isso é o principal.
E fizeram-no por “amor à camisola”,
uma vez que ninguém recebe dinheiro.
Em Sever de Vouga, por exemplo, quando fui desclassificado
injustamente, fiquei bastante desmoralizado e pensei em
desistir, mas a equipa conseguiu moralizar-me para fazer
o resto do campeonato e o resultado está à
vista.
Como é que uma equipa
assim, com poucos recursos, do Interior do País,
consegue chegar ao primeiro lugar da tabela?
Para além do piloto, é preciso um bom carro,
bons mecânicos e uma boa dose de sorte, porque dentro
da pista acontecem sempre muitos imprevistos.
Depois de duas temporadas a
correr a título individual este ano correu para
a VR2 Motosports Team. O que é que muda quando
se corre por uma equipa?
Muda muita coisa porque tenho por trás de mim pessoas
que ajudam bastante. Para além do patrocínio
ser muito bom, sinto-me mais protegido em certos aspectos.
Há coisas com as quais já não tenho
que me preocupar porque sei que eles tratam disso.
Está a referir-se à
preparação do carro?
Também, mas não só. Quando fui desclassificado,
o chefe da equipa, Paulo Rafael, foi uma espécie
de advogado. Foi ele que foi reclamar junto dos comissários
e dos directores. Quando se corre a nível individual
não temos esse peso junto dos responsáveis.
A próxima época
tem início em Abril. Já há novidades?
Pelas leis da Federação não posso
voltar a competir na Taça por um período
de 3 anos, por ter vencido esta temporada. Por isso, o
desejo é entrar na Divisão I ou II do Campeonato
Nacional. Se conseguir um 4x4 actuamos na I, se ficarmos
pelas duas rodas motrizes corremos na II.
Que mudanças implica
esta passagem da Taça para o Campeonato?
O “salto” da Taça para o Campeonato
implica muitas mudanças. O carro precisa de outra
preparação e tem que ter homologação.
E o orçamento é, obviamente, mais elevado.
A licença desportiva passa de 200 para 300 euros,
a inscrição em cada prova passa de 75 para
100 euros. E isto é difícil de suportar,
ainda por cima quando não há prémios
monetários. Cada corrida no Campeonato fica à
volta de 500 euros, se o carro não tiver avarias.
A equipa pode suportar esses
encargos?
A equipa pode ajudar até um certo ponto, mas tenho
que conseguir bastantes apoios próprios. A ideia
é ir para o Campeonato, mas para isso são
precisos patrocínios. Mais do que na última
época. Se não os conseguir, então
não vale a pena continuar, porque não posso
gastar mais do que tenho. Se não houver mais apoio
das empresas e entidades da região, para o ano
não corro.
De qualquer modo, a VR2 Motosports
está a preparar-lhe um carro novo.
É verdade. Mas se não houver patrocinadores
não vou poder alinhar. Se tal acontecer é
uma pena, porque esta equipa é fantástica.
Em oito corridas conseguimos sete pódios, e poderíamos
ter feito o pleno se não fosse aquela desclassificação
injusta em Sever do Vouga.
Este ano houve dois beirões
a brilhar a nível Nacional: o Rui Raposo no Rallycross,
e o Licínio Reis no Kartcross. Acha que esses triunfos
podem servir de impulso para outros pilotos da Beira Interior
se notabilizarem nesta modalidade?
Espero que sim, porque há pilotos com valor na
região que podem fazer coisas interessantes a nível
nacional. É preciso é haver mais apoios
para esta modalidade que está muito desamparada.
O Clube Automóvel,
em fase de instalação, pode dar uma nova
dimensão ao automobilismo da região?
Estou certo que sim. Até porque o presidente, Paulo
Dias, adora automóveis e desportos automobilísticos.
É piloto e, por isso, sabe quais os principais
problemas da modalidade e dos praticantes.
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