À Minha Filha em França…






De
Barbara e Stephanie Keating
















Por Sónia Almeida

A morte de Richard Kirwan, mais precisamente o seu testamento, abala os alicerces do clã Kirwan (três filhos e esposa), que somente agora toma conhecimento da existência de mais um membro deslocado em Paris – uma filha. Deste modo, Eleanor Kirwan inicia, nos anos 70, uma troca de correspondência com a sua meia-irmã francesa (Solange de Valney), com o intuito de compreender como o pai de ambas conseguira conviver com tal segredo sem que ninguém se apercebesse. Solange, por sua vez, encontra-se mais preocupada em recuperar a estabilidade interior perdida com a descoberta de laços familiares que desconhecia e que não deseja. É, precisamente, neste ambiente desconcertante que o leitor, pouco a pouco, se enleia até alcançar a Paris da Segunda Grande Guerra, os tormentos do holocausto, a audácia dos que resistem e a debilidade do amor em tempo de guerra. Assim, anos setenta e época da guerra interpenetram-se e aclaram os acontecimentos, dando a conhecer os problemas vivenciados por uma família produtora de vinho, do Languedoc francês, e pelo clã irlandês com influência no mundo editorial. Duas famílias, duas vidas (mãe de Solange e pai de Eleanor) unidas pelos horrores e incertezas de um período que prima, justamente, pela sua indeterminação.
Num romance de quatrocentas e trinta e duas páginas, as autoras, as irmãs Barbara e Stephanie Keating, relatam a história de duas famílias que ignoram a existência uma da outra, sem conceberem a relação que em tempos as uniu.
“À Minha Filha em França…” é, portanto, um livro a não perder.