Em duas jornadas apenas,
o Covilhã parece ter dado o pontapé na crise.
Depois de uma série negativa de nove jornadas,
onde não conheceu outro resultado para além
da derrota, a equipa começa a dar a volta por cima.
E se o Municipal de Chaves, há duas semanas foi
o palco do regresso dos leões aos pontos (0-0),
o Santos Pinto assistiu à primeira vitória
da temporada (3-1).
O Covilhã já não vencia na competição
desde a última jornada da época passada,
frente ao Desportivo das Aves (2-1), a 1 de Junho. E,
curiosamente, a marcha do marcador foi, em tudo, idêntica
à do último domingo, frente ao União
da Madeira: os forasteiros marcam primeiro, bem cedo,
o Covilhã empata ainda na primeira parte e dá
a volta ao marcador na segunda.
No último domingo, a história dos últimos
encontros parecia querer repetir-se, e um golo madrugador
de Jorge Soares, com muitas culpas para Luciano, deixava
adivinhar o pior. Contudo, os serranos não se deixam
abater, levantam a cabeça e partem para cima do
adversário. Aos 16 minutos, em apenas três
toques, o Covilhã chega ao empate numa jogada tão
simples quanto bonita e eficaz: Rui Andrade recupera junto
à sua área, lança Oseias no meio-campo
adversário e este, pressionado por um defesa, abre
na esquerda com um toque subtil para a entrada de Lourenço
que, isolado, bate Iglésias pela primeira vez.
Um golo muito festejado que restaurou a confiança
dos homens de João Cavaleiro e animou as quase
vazias bancadas do Santos Pinto, onde a nova claque “Avalanche
03” erguia uma faixa com a inscrição
“Nós acreditamos”. A turma da casa
também acreditou e recuperou o domínio da
partida que, até ao intervalo, se jogou, sobretudo,
a meio campo sem grandes oportunidades de lado a lado.
Tranquilidade nos descontos
No retomar do encontro surge um União disposto
a retomar o domínio da partida e a tentar levar
o jogo para perto da baliza à guarda de Luciano.
Cícero, o mais influente insular, quebra por várias
vezes o muro defensivo covilhanense, mas a falta de apoio
dos companheiros acaba por tornar infrutíferas
as incursões do avançado.
O Covilhã volta a crescer e a aproximar-se da baliza
de Iglésias. Aos 51 minutos fica mesmo uma grande
penalidade por marcar contra a turma da Madeira por derrube
de Marcelo a Hermes, mesmo à frente do árbitro.
João Vilas Boas, no entanto, para não quebrar
a recente tradição, manda seguir o jogo.
Aos 58 minutos, porém, o Covilhã chega à
vantagem com um golo de Piguita na sequência de
um canto e os da casa ganham novo alento. Com o resultado
desfavorável, Hernâni Gonçalves efectua
três substituições em cinco minutos,
mas o esquema pouco se alterou e a equipa continuava sem
soluções para ultrapassar o sector defensivo
serrano. Ao invés, as entradas de Dani e Denilson,
no Covilhã, deram uma nova frescura ao ataque da
casa. E foram mesmo os dois suplentes de Cavaleiro que
protagonizaram a mais bonita jogada do desafio e que poderiam,
a 20 minutos do fim, ter matado a partida: Dani livra-se
de dois adversários pelo flanco direito, vai à
linha e faz um cruzamento milimétrico para a cabeça
de Denilson, mas o brasileiro volta a demonstrar precipitação
em momentos decisivos e, com o guarda-redes já
batido cabeceia muito ao lado.
O golo do descanso surge já no período de
descontos, numa altura em que o nevoeiro já tinha
invadido o Santos Pinto, contribuindo para o decréscimo
da qualidade do jogo. O tento surge na sequência
de um livre da esquerda apontado por Lourenço e
desviado dentro da área por Fernando Porto, que
introduz a bola na própria baliza.
O resultado não sofre qualquer contestação
e peca, até, por escassez. O Covilhã vence
bem mas não esconde bastantes fragilidades no sector
ofensivo onde os pontas-de-lança continuam a desperdiçar
oportunidades imperdíveis. Com esta vitória
os covilhanenses vêem renascer a esperança
e colocam-se a sete pontos da linha de água, ganhando
terreno a todos os adversários directos.
Na próxima ronda, a 30 de Novembro, os “leões
da Serra” deslocam-se ao Estádio do Mar para
defrontar o Leixões, também em situação
aflitiva. Entretanto, no dia 23, o Covilhã recebe
o União de Leiria em jogo da quarta eliminatória
da Taça de Portugal.
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