António Fidalgo
|
Reeleição
do Reitor
Dia 17 de Novembro a Assembleia da UBI reune-se para eleger
o reitor. Sendo o actual reitor Santos Silva candidato
único, pode com propriedade falar-se de reeleição
do reitor.
Em editorial do Urbi de 29 de Abril de 2004 defendia-se
aqui a recandidatura de Santos Silva, não obstante
ter já cumprido dois mandatos. As razões
então aduzidas continuam válidas. A UBI
precisa da sua experiência e a reeleição
não é um prémio pelo trabalho desenvolvido,
mas a percepção da comunidade académica
em geral e dos possíveis candidatos em particular,
de que, face às tarefas administrativas imediatas
que se colocam à UBI, a solução de
continuidade é a melhor maneira de as enfrentar.
Desde logo, a UBI tem o grande desafio da construção
do edifício da Faculdade das Ciências da
Saúde, junto ao Hospital . É verdade que
há outras coisas importantes dentro da UBI que
importa resolver, como sejam o urgente término
da Residência Pedro Álvares Cabral, o inadiável
começo do Complexo Desportivo, o fulcral apoio
à investigação científica,
a divulgação da imagem da UBI num contexto
de concorrência entre universidades; tudo isso é
verdade, tudo isso é importante, tudo isso tem
de ser feito. Mas ai de nós se não soubermos
identificar bem o essencial, e o essencial neste momento
é mesmo o edifiio da Faculdade das Ciências
da Saúde. São quase três milhões
de contos de investimento a curto prazo. Ninguém
melhor do que Santos Silva, com a vasta experiência
obtida na expansão física da UBI, poderá
enfrentar a construção do novo edifício,
que será o mais caro de toda a universidade.
Depois há a considerar que a UBI, ao contrário
das universidades do Litoral, tem falta de um grupo de
professores catedráticos de larga experiência,
os professores entre os 55 e os 70 anos, que constituem
sempre uma importante reserva de influência social
e científica. O corpo docente da UBI é ainda
muito jovem, o que tem certamente vantagens, mas tem também
desvantagens. À falta de um colégio de "elder
statesmen", que constituam um factor de estabilidade
e ponderação dentro da universidade, convém
que se mantenha à frente da instituição
quem já granjeou um capital de experiência
e de confiança.
Acresce ainda um outro factor de peso para que se proceda
à reeleição de Santos Silva neste
preciso momento em que nos encontramos: a situação
económica. O actual reitor tem demonstrado uma
invulgar capacidade de gestão financeira à
frente da UBI. Ora o financiamento do ensino superior
vai ser um problema grave nos prximos anos. Primeiro porque
o equilíbrio orçamental do Estado a isso
obriga, mas também, em segundo lugar, porque em
todo o mundo, dos Estados Unidos da América à
Europa, o financiamento do ensino superior é um
tema polémico. A formação universitária
é cara por natureza e as políticas económicas
predominantes preconizam uma redução dos
impostos e o consequente emagrecimento do Estado. As universidades
vêem-se obrigadas a procurar outras formas de financiamento
que não o orçamento do Estado.
A rotatividade dos cargos, salutar sem dúvida,
não pode ser erigida em vaca sagrada. Aliás
há exemplos que contrariam a teoria de que dois
mandatos deveria ser o tempo máximo em cargos de
chefia. A Universidade de Harvard teve em 132 anos da
sua história, de 1869 a 2001 - período em
que se transformou de universidade periférica a
universidade de referência a nível mundial
- apenas 6 presidentes, uma média individual de
presidência superior a 20 anos.
Chegará com certeza a altura de confrontar diferentes
projectos para a UBI, de escolher entre propostas diferentes.
Pode ser que essa altura seja já daqui a 4 anos.
Neste momento, porém, o mais sábio e prudente
é continuar o trabalho que vem sendo feito. E tentar,
obviamente, melhorar.
|