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Universidade:
artigos científicos e incentivos
O principal veículo de transmissão de ciência
são os artigos científicos. As teses de
mestrado, de doutoramento e a restante investigação,
quando não publicada em revistas científicas,
morre nas prateleiras! Mesmo os livros, quando não
se revelam sucessos de vendas ou são editados por
editoras menos credenciadas, não prestigiam a investigação.
As revistas onde a ciência credível é
publicada submetem os artigos a um processo de blind peer
referee (ao contrário dos livros), o mesmo é
dizer a um processo de arbitragem com dois juízes,
decidindo o editor se o artigo deve ser publicado com
base nos pareceres dos referees. As submissões
de artigos são processos morosos, onde os cientistas
se expõem à avaliação imparcial
de quem não conhecem, sujeitando-se a várias
rejeições do trabalho até ser publicado.
Pode afirmar-se, com certeza, que é o melhor processo
existente de credibilizar os progressos na ciência.
Uma vez publicado, o artigo será procurado por
cientistas em todo o mundo para a fazer progredir, acreditando
que aqueles resultados passaram por um rigoroso processo
de avaliação.
A UBI conta ainda com poucos artigos deste tipo no seu
curriculum. No entanto, o progresso tem sido substancial
nos últimos anos. Uma consulta à base de
dados da Web of Knowledge (em http://isi4.newisiknowledge.com/portal.cgi)
permite concluir que a UBI (não contando ainda
com a Faculdade de Ciências da Saúde) publicou
207 artigos entre 1983 e 2002, 111 dos quais entre 2000
e 2002.
A inaugurar a lista, encontra-se o artigo do Professor
Doutor Manuel dos Santos Silva, hoje Reitor da UBI, em
co-autoria com os Professores Doutores Carvalho Rodrigues
e Passos Morgado no Journal of The Textile Institute,
em 1983. Dominam em todo o período os departamentos
das Faculdades de Ciências da Engenharia e Exactas.
Uma leitura superficial revela que, com uma ou duas excepções,
muitos dos artigos e os mais citados são da autoria/co-autoria
de professores estrangeiros e ou doutorados noutras universidades.
Uma análise mais cuidada, e de muito interesse
para definir políticas na instituição,
poderá identificar os departamentos e os investigadores
mais produtivos e os mais citados, bem como correlações
interessantes entre a origem do investigador e a sua produtividade.
É preciso ter em atenção que a evolução
tem sido enorme em Portugal. Só na ciência
económica, de 4 artigos publicados no ano 1986
passou-se para 27 no ano 2000 (Guimarães, 2002).
Daí que não se poder deduzir, dos números
atrás referidos, a melhoria relativa da posição
da UBI neste aspecto.
Duas razões devem levar-nos a reflectir sobre os
incentivos que fazem os docentes universitários
produzir ciência credível. Primeiro, os rankings
das instituições são baseados na
produtividade em termos de artigos científicos,
como na área de Economia (ver como exemplo Guimarães,
2002). Aliás, hoje, na Econlit, a mais prestigiada
base de dados de Economia, apenas estão referenciados
3 artigos desta Universidade!
São enumeradas duas formas, já testadas
em algumas escolas, de incentivar os docentes a publicar
artigos nas revistas mais conceituadas:
(1) fazer depender a contratação e a progressão
na carreira das publicações e abandonar,
ou tornar muito menos relevantes, os critérios
administrativos, de participação em júris
e orientações de teses;
(2) fazer um ranking de revistas por especialidade e atribuir
prémios monetários pela publicação
nessas revistas através, por exemplo, da Fundação
da Universidade. Esta medida, além do prémio
em si, teria um efeito de sinalização e
demonstração. O custo desta medida, por
variadas razões, revelar-se-ia mínimo.
É urgente agir para chegarmos a um patamar de excelência
na investigação, tendo em conta os padrões
mais exigentes.
*Docente no DGE-UBI, Doutorando na FE-UNL
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